quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Simpatia

Eu hoje joguei tanta coisa fora
Eu vi o meu passado passar por mim
Cartas e fotografias, gente que foi embora
A casa fica bem melhor assim
(tendo a lua_ paralamas do sucesso)

Um ótimo 2009 para todos.

Que seja cada vez melhor!

Inté...

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Sabe o que que é êxtase?

Eu sei.

Ai se sesse_Lirinha (Cordel do Fogo Encantado recitando)

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

E hoje...

... "remei" sozinha pela primeira vez!

As aspas estão ali por conta de, na primeira tentativa, o meu caiaque parecer um marimbondo bêbado e desnorteado, girando em torno do mesmo ponto e, ao mesmo tempo, indo em direção à vegetação da Lagoa Rodrigo de Freitas - o que demandaria resgate com necessidade de entrar na água.

A segunda tentativa foi melhor: fui até o meio da Lagoa e só lá baixou o marimbondo sem direção. Foi mais apavorante; senti falta da vegetação. Mas cheguei mais longe.

A terceira foi bonita: com algumas dificuldades, fui e voltei até a tal bóia vermelha, na qual teria de fazer a volta. Well... fazer a volta foi... foi... engraçado, eu poderia dizer.

Mas voltei amarradona gritando: Remei, galera!!!!

sábado, 29 de novembro de 2008

Silenzio. No hay banda.

De todos os silêncios que assustavam, tiravam o chão do lugar e enchiam de interrogação a minha cabeça, foi esse o mais cortante, esmagador.

Coração quebrado, cabeça perdida, desapontamento no ar.

E uma dor seca, a lágrima escondida, travada.

As interrogações se dissiparam, a dor ficou estranha. As mãos pegando o ar.

No meio disso tudo, tem a respiração: inspirando, expirando. Pensando...

Ouvindo...

Duvidez_Lula Queiroga

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Papo de bar

Um dia, um certo Bruno me disse:
Carol, tudo é corpo. Já chega com essa cabeça, porque ela é uma parte muito pequena do resto e se o seu problema é tão grande, não tem como ele estar tão concentrado assim nessa caixa craniana. Troca a psicanálise por 3 alongamentos por semana. O corpo grita e responde à sua cabeça. Cuida do braço, da perna, do pé. Da cabeça, também; só não esquece do resto.

História de verdade.

Ela só estava triste. O coração tinindo, o rim filtrando tudo; o fígado era nota 10. Mas ela estava triste e definhou aos poucos, por alguns anos e morreu. Apenas por desistir.

Descoberta do ano


Terapeutas também morrem.

Homenagem (2 em 1)

Foi pouco tempo.

Poucos dias e poucas palavras.
Pouco e fácil.
Fácil vinculo, ainda que estivesse acostumando (ainda) com o tal do 'outro jeito'.
Mas tava lá: em pouco tempo e muito lá dentro.
Truncada às vezes, mas querendo fluir.

Mas 'o corpo ainda é pouco' e não deixou que fôssemos em frente; acabamos indo em vão.

E vão é buraco, é ausência e foi susto, também.

E a minha reação, por que foi essa, se tão pequeno foi o tempo?

Pouco tempo pra tanta lágrima, Carolina.
Mas, quem explica o que passa por fora, por onde a gente não vê?

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Frase do dia

"Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..." _FP


(Tô só esperando meu Taj Mahal.)

Buracão.

Eu resolvi dar uma chance ao amor e à psicanálise.
Mais ou menos na mesma época.
O amor não vingou e o terapeuta descobriu um câncer.
Em 4 meses não tinha mais amor e em 5 meses, o psicanalista morreu.

Ei.

Alguém?

Pra ouvir: O último por do sol_Lenine

Eu queria me chamar Patrícia

Quando eu era criança achava meu nome feio. Queria ser Patrícia e jurava que não tinha nada a ver com a Patrícia do Luciano, aqueles do Trem da Alegria.

Um dia, mãe e pai me apresentaram a música do Chico pra mim, dizendo que essa tinha sido a inspiração para o meu nome.

Fiquei possessa: Essa Carolina é uma lesada, uma idiota.
Prêmio Os Profetas do Século para Rose e Rogerio

Pô, Chico, que tal você escrever uma Carolina surfista, maratonista, paraquedista, sei lá...


Aí veio o Seu Jorge e deu uma levantada na minha moral.


E hoje eu acho meu nome lindo.
No Chico, no Seu Jorge, no Genival Lacerda ... e em mim também.

Aí eu caí III - Anotaram a placa da zabumba?

Seis da manhã.
Chegando em casa.
Andando na calçada do meu prédio.
Bati com a cabeça na árvore.
Caí sentada.
Bunda no canteirinho.
Tonta.
Muito tonta.

A moça perguntou se eu tava bem.
Tô não.

Trilha sonora: Fora de si _ Arnaldo Antunes



terça-feira, 25 de novembro de 2008

Conversa de idéias batidas

"esse é só o começo do fim da nossa vida"
Ontem eu tive umas 15 epifanias por segundo. Tentei anotar uma por uma, mas não deu. Eu não parava de pensar uma coisa em cima da outra.

"me abraça forte agora, que é chegada a nossa hora"
Ou seja, eu não tive epifania nenhuma, porque de nada adianta tanta coisa passar e nada ficar registrada.

"ai, não fala isso, por favor"
Aí eu pensei: Cabe tanta coisa assim aqui dentro do crânio? Por isso que eu não acho nada, é uma bagunça absurda.

"A gente corre pra se esconder..."
Por que no crânio?
É muita coisa pra ficar numa caixa levemente oval apenas.
Deve ter coisa por todo o corpo e pelo que está em volta dele.
E tudo isso mexe aqui dentro.

"Deus às vezes parece se esquecer"

Eu também esqueci tudo.
Coisa ou outra ficou, mas não vale.
O bacana era tudo junto.

"eu só queria o amor..."
Pode tirar as aspas que isso aí quem disse fui eu.
... e a torcida do flamengo.

"sem saber que o fim já vai chegar"
Chegou e ploft.
Dormi em cima disso tudo.

Para ouvir...

Conversa de botas batidas_Marcelo Camelo

Eu dedico essa canção...

A saudade que você deixou aqui_Waldick Soriano



A saudade que você deixou aqui
é demais.
As lembranças que você deixou em mim,
doem demais.
Dói meu corpo, dói a alma, me dói tudo...
Acabou... a minha paz.

Não consigo mais viver sem seu calor
tudo aqui é solidão.
Como pode destruir um grande amor
sem motivo, sem razão?

Você é na minha vida o amor maior
É a luz que ilumina o meu caminho
Como pode desprezar a quem se ama
e deixar o coração sofrer sozinho?

Não dá mais pra suportar tanta saudade
Não dá mais para esconder a minha dor
Se ainda pensa em mim venha correndo
Venha salvar o que ainda resta deste amor


*Valeu, Adolfo! ;)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

"... e só Carolina não viu..."*

Esperei a banda acabar, o vocalista virar solo e namorar uma alternativa teenager para descobrir como é bom ouvir los hermanos.

Entrei no site e saí ouvindo, achando que cada uma das músicas foi feita pra mim, pro meu agora, pro meu ontem, pros meus 5 minutos atrás. Tem música pra minha rima boba, até.

Tô numa fase daquelas em que todo livro, toda letra, toda música, toda mensagem, todo céu, toda chuva e tudo que eu vejo vira roupa do meu número, sabe?

Tudo encaixa, tudo me diz alguma coisa que, por mais que sejam diversas as palavras, o nucleozinho, aquele it, aquilo que faz a coisa ser mesmo a coisa – whatever – tá dizendo a mesma coisa.


* Ah, Chiquim de Holanda... por que a sua Carolina não era mais sagaz, hein...

É... Los hermanos.



Eu encontrei quando não quis
mais procurar o meu amor.

E quanto levou foi p'reu merecer
antes um mês e eu já não sei...

E até quem me vê
lendo o jornal
na fila do pão
sabe que eu te encontrei.

E ninguém dirá que é tarde demais,
que é tão diferente assim.
Do nosso amor
a gente é que sabe!

Me diz o que é o sufoco
que eu te mostro alguém
afim de te acompanhar.

E se o caso for
de ir à praia
eu levo essa casa numa sacola!

Eu encontrei e quis duvidar.
Tanto cliché deve não ser.

Você me falou
pr'eu não me preocupar
ter fé e ver
coragem no amor

E só de te ver
eu penso em trocar
a minha TV
num jeito de te levar...

a qualquer lugar
que você queira
e ir onde o vento for,
que pra nós dois
sair de casa já é
se aventurar.

Vai, me diz o que é o sossego
que eu te mostro alguém afim de te acompanha

E se o tempo for te levar
eu sigo essa hora e pego carona
pra te acompanhar.

Último romance_Rodrigo Amarante

Segunda-feira.

Desfazendo malas e males.
Desconstruindo necessaires e sonhos.
Despedindo-se de amigos, amores.
Desfazendo tudo.

Desfazendo-se --
-- para juntar os cacos depois.

Dizem que aí é que o jarro fica bonitão.

domingo, 23 de novembro de 2008

Ao contrário

.lem ed auL

Presse finzim de dia.

O Eremita
Cultivando a maturidade e a inteireza que brotam da reflexão


O arcano IX, chamado “O Eremita”, emerge como arcano conselheiro para este momento de sua vida, Carolina, sugerindo um momento em que você precisará agir com o máximo de maturidade e paciência possíveis. Você precisará aprender a respeitar o “tempo certo” neste momento de sua existência e perceberá que será preciso bater mais do que uma vez na mesma porta até que ela se abra. Nem sempre o rio corre mais rápido apenas porque queremos, Carolina! Três virtudes serão fundamentais neste momento de sua vida: a paciência (para lidar com as diferenças), a prudência (a fim de jamais confiar inteiramente em ninguém) e a persistência (para compreender que, no que diz respeito ao amor, muitas vezes é preciso bater várias vezes numa mesma porta). O momento pede circunspeção, meditação e capacidade de espera. Você poderá mudar muitas coisas que lhe incomodam, se você souber observar o tempo certo, mas precisará também ter humildade para entender que nem tudo é possível. Ao aceitar os limites, evoluímos como pessoas.

Conselho: Momento de cultivar a paciência, tudo tem seu tempo certo.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Porque eu ando rimando bobo.

Mais uma vez as roupas espalhadas na cama dizem algo que me faz sorrir.
Devidamente selecionadas, passadas e dobradas, parece que sabem para onde ir.

A mala aberta, chamando, o tempo lá fora, passando, amanhã tem avião indo, avião chegando.

Tem amor saindo de fininho, fazendo visita, lendo letra que não tem.
Tem carta de amor, bilhete de dúvida, foto de "vem".

Recife continua lá, lindo, como sempre.
A Carol que vai é outra, no que veste, no que sente.
Aí vem a lembrança da areia, do bar, da Olinda.
O coração dói um pouco, mas a vontade vence, ainda.

Aí eu rimo bela com janela, rato com gato, naif com Recife, perverto a poesia,
oscilo da tristeza, à euforia.

Recife, tamuzindo.
De novo, mais uma vez.
Nanda e Isa,
tamuzindo pra vocês.

A mala cheia.
Estufado, o coração.
Saudade das moças, dos moços, do sotaque,
do risco de tubarão.

(A moça da Unidas é quem vai estranhar. Mas passaremos no guichê, ao menos para um olá.)

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Aí veio a Eliza da local.

A Jimena me ligou ontem. Uruã ficou com a menina que faz localizada com ela. Tá mals, a Ji. Ela jura que ele fez isso só pra colocar ciúme nela, pra pressionar que ela aceite a condição de teúda e manteúda. Mas a menina que faz local com ela é solteira e em sonha que eles (Ji e Uruã) já ficaram. Sendo assim, a menina da local - a quem chamarei de Eliza - fica fazendo planos com ele, já foram ao cinema com direito a jantar no japonês depois. Jimena tá subindo pelas paredes, já não consegue mais ficar direito com o Jacó. Diz que ele é chato e paradão, mas ela nunca tinha reclamado disso antes.

Na verdade, ela ligou para desabafar mesmo, porque eu não tive muita chance de falar, ela chorava e dava uns gritos meio agudos. Morri de pena dela, eu meio que sofro quando vejo que as pessoas de quem eu gosto muito estão sofrendo. É que quem está de fora, fica meio achando que tudo é tão simples, mas pô, vai dizer pro outro que a espinha inflamada dele é menos dolorida que o teu braço quebrado. Dor é dor, e a Jimena tá doendo aquela dor de dúvida, de medo.

O Jacó tá meio que estranhando essa coisa da Jimena não querer sair, nem pra tomar açaí no Bibi, já comentou comigo que está preocupado.

Uruã tá nem aí e continua comendo geral.

tenho dado no trabalho

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

"Roubei" da Lelê

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria e peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas, as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam mais bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que já eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

Por não estarem distraídos_Clarice Lispector

Jimena que ama Jacó, que nada com Uruã, que comeu Jimena.

Então.

Amiga minha chifrou o namorado com o professor de natação do mesmo. Tá apavorada do namorado descobrir no amigo oculto agora do fim de ano da academia. Mandei ninguém ser sociável em academia, principalmente academia com amigo oculto.

Chamemos, por questões de segurança, minha amiga de Jimena, o namorado de Jacó e o professor de Uruã.

Jimena me ligou em prantos dizendo que nunca trepou tanto na vida dela, nunca trepou tão bem trepada, nunca viu estrelinhas e aquelas coisas que quem já viu, conhece. Uruã a tirou do sono dos extasiados com beijos que iam da ponta do pé ao cangote, passando por linguadas nas solas dos pés e na espinha dorsal. Jimena jura pra mim que não estava na Terra, mas no céu.

E aí, na hora de pegar a bolsa para sairem do motel, o celular apontava 7 ligações do Jacó e dois torpedos perguntando onde ela estava, pois já estava ficando preocupado.

Jimena tá que é pura culpa, mandou flores pro Jacó, pediu pra eu confirmar que estávamos juntas, mas ele ligou pra mim também e eu não estava com ela.

Uruã está investindo, falando que eles podem ser bons amantes e que ninguém precisa saber. Falei pra Jimena não se empolgar, parar por aí, que a tendência é piorar. Quer Uruã? Larga o Jacó, ou abre o jogo, vai que ele topa. Mas Jacó não topa, Jacó eu conheço bem. É romãntico, tradicional, inseguro.

Uruã tá que tá nas investidas com Jimena. Parece o melhor homem do mundo; melhor até que Jacó.

Sei não...

Me chama, que eu vou!

Vem com Calypso que eu volto com Sidney*



Me Chama Que Eu Vou_Sidney Magal


Seu corpo estremece
E já não consegue parar
Seu sol se espalha na pele
Fazendo suar
Seu ritmo é quente
Bate que bate com emoção
Te abraço, te roço, te esfrego
Te sujo então
A fruta é madura
E da árvore não vai cair
A roupa lambuza
De um jeito que é bom repetir

São cinco elementos apunhalando o coração
O fogo, a terra, a água
O ar e a paixão
Hei, eh-ô eh-ô!
Eh-ô eh-ô!
Eh-ô eh-ô!
Eh-ô eh-ô!
Me chama que eu vou!

Te sinto por dentro
Te levo na palma da mão
Te toco no centro
Te abro tesão
Brincando, bolindo
Ardendo sem medo do prazer
Cara de diabo
Bunda de bebê
É mesmo um luxo
É lógico que é sensual
É um doce pecado
Melhor do que o original

São cinco elementos apunhalando o coração
O fogo, a terra, a água
O ar e a paixão
Hei, eh-ô eh-ô!
Eh-ô eh-ô!
Eh-ô eh-ô!
Eh-ô eh-ô!
Me chama que eu vou!

*foco no refrão

domingo, 16 de novembro de 2008

kissing in the rain

Ela já estava ficando cega de tanto trabalhar. Os olhos fechavam e na cabeça ficava a imagem do menu de iniciar, os ícones do desktop e o envelopinho do outlook girando no canto da tela. Desceu para tomar um café, mas encheu o mini-copo de plástico e jogou no lixo sem ao menos molhar os lábios com a bebida. Ela precisava sair dali, tinha alguém esperando, alguém melhor, alguém bonito. Ele era barbudo, alto, falava segurando o "g", ouvia música o tempo todo, fosse nos fones de ouvido - quando na rua - fosse em casa no seu laptop que servia apenas para isso. Ela estava com os ingressos do cinema e eles veriam um filme de terror, pré-estréia. Ele tinha algo para dizê-la, o que a fazia temer pelo que estava por vir. Seu amor era grande, a felicidade por tê-lo encontrado, também, mas via que tinha algo atrapalhando a sua doação. Chovia muito lá fora e sabia que se não fosse ele a sua companhia, ela já teria, na ponta da língua, uma desculpa para fugir da sessão e ir para casa, deitar e descansar daquele olhar viciado em cronogramas e powerpoints.

Comprou a pipoca na porta do Passo, trocou os e-tickets pelos ingressos, ficou esperando que ele chegasse. Ele andava, de laranja, ao lado dela, sem perceber que ela fazia "psiu". Ele estava levemente apressado e olhava reto para a frente, sem tê-la visto. Foi bom vê-lo assim, tão de perto, tão na ignorância por ser observado. Amou-o um pouco mais e antes de puxá-lo pelo braço, temeu mais uma vez, pelo que poderia estar se aproximando. O filme foi bom, os dois se beijaram e deram as mãos, como dois namorados no cinema e isso acalmava seu coração, que estava aflito por demais. Queria poder dar o mesmo para o seu barbudo de casaco laranja; poder pegar seu coração no colo e cantar para ele dormir.


Se beijaram na chuva, na entrada do metrô, enquanto decidiam se pegavam um ônibus para a casa dela ou um metrô para a dele e esse beijo com as gotas caindo em sua cabeça a fez sentir numa cena de filme, num quadro preto-e-branco, e quisera poder parar ali para sempre. A chuva caindo, (m)olhando os dois, agradecendo o beijo em meio a tanta confusão e sujeira naquela rua na Cinelândia, onde poucos têm tempo e tranquilidade para amar.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

celular de bêbado não tem dono

O pior casamento possível é do celular com o boteco (bar, restaurante, ambulante, qualquer birosca que venda bebida alcóolica).

A gente acha que pode resolver alguns problemas, fazer algumas declarações, acordar o amigo sem o menor problema.

Mas não, não pode. Aí já chega no bar dizendo: aê, alguém segura meu celular pra mim? Não posso tê-lo em meu poder. Aí já era. Porque a gente sempre dá um jeito de mandar torpedo, de ligar, e os torpedos saem truncados, faltando letra.

Aí você acorda na madrugada, com sede, e se depara com o celular aberto e olha a seguinte mensagem: Falha ao enviar torpedo para o telefone 552199999999. Deseja tentar novamente? E você não faz idéia do que se trata e clica no não, e o celular diz: torpedo enviado com sucesso. E você pensa putaquiupariu, eu cliquei no não. E nem vai lá olhar nos torpedos enviados pra ver o tamanho da cagada que fez.

Aí vem o torpedo de resposta no dia seguinte e você é obrigada a olhar os torpedos enviados e morre de vergonha, aquele enviado no meio da madrugada conseguia ser pior que o primeiro e você olha na listinha do celular: tinham no mínimo 5 torpedos equivocados.

Não dá nem tempo de ter ressaca, dor de cabeça e enjôo.

*Troque todos os "você" e "a gente" por eu. É, euzinha de Andrade, eu mesma.

A Dama de ouro



A Dama De Ouro _ Maciel Melo

Quando eu te vejo
Eu fico torto
Eu fico e penso
Meu amor é tão imenso
Cada vez aumenta mais

Sou o rei de espada
Tô esperando seu jogo
Meu amor pegando fogo
E você escondendo ás

Tu és a dama de ouro que eu preciso
Meu coração indeciso
Fica pra lá e pra cá

E nesse jogo só o meu é que apanha
Toda vez que você ganha
Você vem me maltratar

Ó dama de ouro
Pega o rei de espada
Dê essa cartada e depois venha me buscar
Solta esse valete
Venha desmarcada
O meu amor estará sempre a lhe esperar

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

... expandindo...

acordar cedo e ver o sol como se o sol fosse a cabeça em cima do meu pescoço e o pescoço é um oitavo do caminho que o sol leva para chegar até o chão. e ele reflete na água que eu vou jogando para trás, fazendo força para que eu mesma avance alguns metros. e respire fazendo valer cada segundo, cada olhar para o lado.

sair descalça para atravessar a rua e não pensar em daqui a cinco minutos, ainda que eles venham: um atrás do outro e, de cada cinco em cada cinco, eu anoiteço. e comigo, toda a minha cabeça que parece crescer em velocidade grande por hora, que quer olhar as coisas maiores que de tão grandes, me fazem cega.

expandir é a palavra que eu mais procuro entender nesse momento.

Dê-me uma epifania.
(essa sou eu, falando com aquela de dentro, que às vezes briga comigo, mas que me cuida, me orienta, ainda que erre um tiquinho.)

terça-feira, 11 de novembro de 2008

"Eu sei que a gente ia ser feliz juntinho...."

Acho que o dia desse show foi um dos dias que eu mais exalei felicidade.
Eu parava e me sentia assim: feliz.
E ficava repetindo isso o tempo todo, às vezes pra mim mesma, às vezes pra Mumu.

Arnaldo Antunes dubla Carol Andrade



Pedido de casamento_Arnaldo Antunes

Eu sei que a gente ia ser feliz juntinho
Pra todo dia dividir carinho
Tenho certeza de que daria certo
Eu e você, você e eu por perto

Eu só queria ter o nosso cantinho
Meu corpo junto ao seu mais um pouquinho
Tenho certeza de que daria certo
Nós dois sozinhos num lugar deserto

Se você não quiser
Me viro como der
Mas se quiser me diga, por favor
Pois se você quiser
Me viro como for
Para que seja bom como já é

Eu sei que eu ia te fazer feliz
Dos pés até a ponta do nariz
Da beira da orelha ao fim do mundo
Sugando o sangue de cada segundo

Te dou um filho, te componho um hino
O que você quiser saber eu ensino
Te dou amor enquanto eu te amar
Prometo te deixar quando acabar

Se você não quiser
Me viro como der
Mas se quiser me diga, meu amor
Pois se você quiser
Me viro como for
Para que seja bom como já é




=*

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Dias atípicos

Bebedeira, night, ressaca, cílios postiços, camiseta de lantejoula, Rogerio de terno e gravata, boate no domingo, joelho de porco com cigarro de palha, crise de gastrite, azia, penteado no salão, topete de Hebe (ou de Amy), cabelo mais loiro ainda, acordar sem lembrar do dia anterior, três livros ao mesmo tempo além do pequeno de auto-ajuda. Livro de auto-ajuda, vestidinho florido, calça e blusa branca, choradeira sem sentido, luto por terapeuta, rever primeiro namorado da escola, rever ex-namorado machucador, trabalhar com um certo ânimo, veneno antimonotonia, dizer não ao bob, deixar na internet eu cantando Arnaldo, enfrentar fila de restaurante no Centro, falar algumas coisas engasgadas, ver defeito importante em quem até então era uma unanimidade interior, abrir a gaveta da minha cômoda na frente da minha mãe. Pensar de um jeito que não cabe mais na cabeça. Respirar fundo contando até dez e fazendo o exercício budista da Maria Claudia. Dizer não querendo dizer não e jurar pra mim mesma que não só vale se for dentro, pois se dentro for sim, fora vai ser também. Lendo. Lendo tudo e catando significância até em busdoor. Questionando o tempo, perguntando pra ele, perguntando pra mim.

Tentando botar em prática.
Tentando não, porque agora eu sou uma menina do Segredo: botando em prática.

comments

Alguns comentários eu guardo só pra mim, porque assim fica como, em alguns momentos, como se me tivesse contado um segredo, entendido uma mensagem ou não entendido o que se passou aqui em mim.

Tem também os que eu publico porque me pedem para guardar só comigo.

Tem os que eu quero que sejam só meus, pra poder sentir a nesga de cumplicidade.

Mas todos eles estão aqui, devida e virtualmente protegidos por um login e uma senha.

Ele teve que me engolir.

sábado, 8 de novembro de 2008

Autopsicografia

Bêbada, em ebulição. Parece que o que passa na minha cabeça é mais coisa do que cabe no tamanho dela. Eu não me entendo, não me leio, fico chata, densa...

Cabe tudo nesse mundo abstrato que o meu corpo não suporta. Não sei me divertir e o (desa)sossego também não conforta e dá vontade de não existir; virar algo fora do meu corpo.

E é difícil de administrar. E se eu me sou inadministrável, quem de fora poderia me bancar?

Eu quero um coração grande o bastante para abraçar tudo isso e esse coração não apareceu.

Não foi dessa vez. Eu não coube nele, não coube em nenhum que já tenha conhecido.

Tenho me sentido especial, de um jeito que não é necessariamente bom. Eu não me basto para as coisas que acontecem dentro de mim e às vezes calo, porque a maioria disso tudo é indizível e eu achei que tinha encontrado alguém que soubesse me ler. Mas era alguém que tinha idéias prontas e não soube me encaixar nelas; e é isso: eu não me encaixo.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Sempre me achei meio criançona.

"As crianças têm uma sensibilidade especial. Sabem que toda ausência passageira é metáfora de uma ausência definitiva."

Ostra feliz não faz pérola _ Rubem Alves

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Parabéns, você ganhou uma serenata virtual

Se tudo pode acontecer_Arnaldo Antunes
Backing vocal estridente*: Carolina Andrade (euzinha, bêbada de cerveja e de felicidade; catártica, querendo a vida)




se tudo pode acontecer
se pode acontecer
qualquer coisa
um deserto florescer
uma nuvem cheia não chover

pode alguém aparecer
e acontecer de ser você
um cometa vir ao chão
um relâmpago na escuridão

e a gente caminhando
de mão dada
de qualquer maneira
eu quero que esse momento
dure a vida inteira
e além da vida
ainda de manhã
no outro dia
se for eu e você
se assim acontecer

*Eu não sabia que cantando, a voz apareceria taaaaaanto assim no vídeo...

Não quer dizer que não tenha o que considerar

Vai saber?_ Adriana Calcanhotto



Não vá pensando que determinou
Sobre o que só o amor pode saber
Só porque disse que não me quer
Não quer dizer que não vá querer
Pois tudo o que se sabe do amor
É que ele gosta muito de mudar
E pode aparecer onde ninguém ousaria supor

Só porque disse que de mim não pode gostar
Não quer dizer que não tenha do que duvidar
Pensando bem, pode mesmo
Chegar a se arrepender
E pode ser então que seja tarde demais
Vai saber?

Não vá pensando que determinou
Sobre o que só o amor pode saber
Só porque disse que não me quer
Não quer dizer que não vá querer
Pois tudo o que se sabe do amor
É que ele gosta muito de se dar
E pode aparecer onde ninguém ousaria se pôr

Só porque disse que de mim não pode gostar
Não quer dizer que não tenha o que considerar
Pensando bem, pode mesmo
Chegar a se arrepender
E pode ser então que seja tarde demais
Vai saber?
Vai saber?
Vai saber?

Não vá pensando que determinou
Sobre o que só o amor pode saber
Só porque disse que não me quer
Não quer dizer que não vá querer
Pois tudo o que se sabe do amor
É que ele gosta muito de jogar
E pode aparecer onde ninguém ousaria supor

Só porque disse que de mim não pode gostar
Não quer dizer que não venha a reconsiderar
Pensando bem, pode mesmo
Chegar a se arrepender
E pode ser então que seja tarde demais...

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

... de uma boa noite.

Perdi a hora, o ponto
dormi sonhando com encontro.

Saí na rua, biruta, sorriso estranho,
saudade no peito.
Cheiro no corpo, no leito.

Pêlo do braço em pé
olho no querer,
na boca sugando,
pegando de mim o que tenho pra você.

Corpo cansado
feliz
suado

Coração ardido,
pelado.
Propostas
...não ditas
... secretas
...envergonhadas.
Mundo nublado
cabeça avoada.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Angústia.

É vontade de engolir o travesseiro, porque o dente de cima pressiona o dente de baixo que faz a mesma força no primeiro e chega a doer a mandíbula. É um choro seco que vai e volta e engole cada pedacinho de dentro, parece uma coisa corroendo um caminho e a coisa é a angústia e o caminho sou eu toda. E a cabeça não para de mandar imagens doloridas que mesmo de olho fechado eu vejo todas e a mão que esfrega forte no rosto e deixa a bochecha vermelha, o nariz inchado. E não tem lágrima nenhuma, no choro seco. E dói, queima, aperta, amarra, torce, machuca. Vontade de tomar 60 ultra power comprimidos e só acordar daqui a vinte dias com a memória zerada, sem reconhecer até o travesseiro mastigado.

Ser teu pão, ser tua comida...



Todo amor que houver nessa vida
Frejat/ Cazuza

Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia

E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia

E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio, o mel e a ferida
E o corpo inteiro como um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente não

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria

No monitor

Pra Lelê, pra Bia, pra mim, pra você, pro Lipe.
E pra quem precisar e quiser.




Que o deus venha
Cazuza / Roberto Frejat / Clarice Lispector

Sou inquieto, áspero
E desesperançado
Embora amor dentro de mim eu tenha
Só que eu não sei usar amor
Às vezes arranha
Feito farpa

Se tanto amor dentro de mim
Eu tenho, mas no entanto
Continuo inquieto
É que eu preciso que o Deus venha
Antes que seja tarde demais

Corro perigo
Como toda pessoa que vive
E a única coisa que me espera
É o inesperado

Mas eu sei
Que vou ter paz antes da morte
Que vou experimentar um dia
O delicado da vida
Vou aprender
Como se come e vive
O gosto da comida

No fone dos ouvidos

Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão enfim

Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar para mim

Queixo-me às rosas, mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti

Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
por fim

As rosas não falam _ Cartola

...

Momento hip hop

V. V. - B.Negão

Bumerangue é o efeito
O que for daquela forma, retorna com a mesma intensidade, de modo perfeito
Daquele mesmo jeito
Ação e reação
Tipo João bobo, tipo saco de boxe
O famoso e laureado V. V. (vai e volta)
Tipo engravatado larápio que rouba muito mas não vive sem escolta

Não é punição, não é castigo, meu amigo
Não é maldição nem profecia, minha tia
É só a lei
Desde os tempos em que os tempos não eram contados, já disse rei dos reis

Preste atenção, analise, não é difícil (tudo é vai e volta)
Ação, palavra, pensamento, atitude (tudo é vai e volta)
Metafisicamente, sub-atômicamente falando (tudo é vai e volta)
tem responsa pra fazer, tem que ter responsa pra aturar (tudo é vai e volta)

"Faça como os outros apenas aquilo que gostaria que fizessem contigo"
Esse sábio é mais do que batido, antigo, dito popular
Base de quase todas as religiões
Bastante difundido, porém pouco praticado e seguido
Guarda em si um grande segredo, uma constatação:
Agressão ao próprio irmão é como dar um tiro no próprio pé, (ou no próprio umbigo), eu digo
Pois, por incrença que parível, não há separação, não há inimigo
E sim, a ignorância aguda, falta de aprendizado e só
Pois somos literalmente parte do mesmo organismo
Como já disse cristo, a filosofia oriental, o tao, e a física quântica
Esse sim o caminho, o caminho pelo qual o racional cartesiano e o espiritual finalmente se encontram

Preste atenção, analise não é difícil, (tudo é vai e volta),
Ação, palavra, pensamento, atitude, (tudo é vai e volta),
Metafisicamente, sub-atômicamente, (tudo é vai e volta),
tem responsa pra fazer, tem que ter responsa pra aturar, (tudo é vai e volta),
Lucro abissal, frescura é ligar pra detonação ambiental (tudo é vai e volta)
Seu pulmão no limite, inverno moderno beira os 40 graus (tudo é vai e volta)
Não divida o bolo, e veja crescer à sua volta o caos (tudo é vai e volta)
Negatividade, positividade: o seletor é você (tudo é vai e volta)

"tudo é vai e volta"

Os copos gelados batendo e dizendo sim ao entendimento, o riso fluindo leve e livre.

Livre fluxo - a expressão latejava entre as têmporas.

Os assuntos eram os mesmos sem ser os mesmos, as dúvidas, curiosidades, as ajudas, os pitacos, as piadas.

A saudade, por que não?, estava em pauta; machucar era passado e por isso virou assunto calmo, limpo, desculpado, compreendido.

Bonito, te ver daqui de cima do sorriso.

Alívio

Gosto quando vivo dias curiosos.
Desses que começam dando pinta disso, mas acabam naquilo.

Amanhece uma dor, anoitece a cura da outra.
Os olhares mudam, a conversa flui, a cabeça entende, o coração perdoa e deixa o corpo abraçar.

A gente chega em casa meio leve, estranha e aliviada, olhando em volta para ver como as coisas estão diferentes.
Nem tanto, mas estão – de alguma forma todos sabem disso.

domingo, 2 de novembro de 2008

M. Bovary

"O dia seguinte foi, para Emma, uma jornada fúnebre. Tudo lhe parecia envolto numa atmosfera negra que flutuava confusamente no exterior das coisas; a tristeza aprofundava-se em sua alma com uivos suaves, como faz o vento do inverno nos castelos abandonados. Era aquela recordação que se tem daquilo que não volta, o desânimo que toma conta da gente depois dos fatos consumados, a dor, enfim, causada pela interrupção de todo o movimento habitual, pela cessação brusca de uma vibração prolongada."
_Em Madame Bovary, de Flaubert_

Tô lendo Madame Bovary.

Comecei imaginando que leria sobre uma mulher que não recebia, do marido, a atenção necessária, o carinho que merecia, e, por querer mais do amor, foi à luta, mesmo com todos os preconceitos que na tal época eram ainda maiores em relação a mulheres livres, principalmente se elas fossem casadas.

E não é que ou eu estou me descobrindo a pessoa mais careta do mundo ou uma muito equivocada? Primeiro, impliquei com a Emma (a própria M. Bovary) por conta da sua impaciência sem sentido com o marido Charles, que jurava estar amando aquela mulher da melhor maneira possível. Depois a implicância passou, mas nunca deixei de olhar pro marido que, na sua ignorância, inapetência – ou seja lá que nome tenha essa falta de eficácia que o amor dele apresente – acabou por deixar a moça tão infeliz.

O homem precisou passar por umas poucas e boas para virar um médico, que por mais mediano que fosse, carregava um status importante pra ele e pra família dele. Casou com a filha de um rico paciente, depois de ficar viúvo de uma esposa velha, feia, doente, chata, rude e nada carinhosa. Justifica? Não, não justifica, mas contextualiza uma falta de qualquer que tenha sido a coisa que faltava dele para a Emma.


E ele sofre com a insatisfação dela, ainda que ele não tenha chegado (ainda, pelo menos, até a parte que eu cheguei) a perceber que todos aqueles sintomas que ele achava ser doença ou resultado das leituras da moça se resumiria numa infelicidade dela, relativa ao que teria se tornado a sua vida de casada, completamente diferente do que lia nos romances, via nas pinturas e sonhava na adolescência.

Ela se apaixona por outro (s), sofre com o que não aconteceu com ele (s), surta, entra numa, fica chata, muda, e o que mais ela conseguia fazer para reagir àquele tédio que tinha se tornado a sua vida.

Amar é difícil, comunicar também, e eu que vivo, amo e me comunico no século XXI, não vejo maior facilidade não, gente.


Na verdade, achei que fosse ler um livro sobre uma mulher super maltratada pelo marido, que sofresse por conta de descasos e tals. E me deparei com um cara tão carente quanto, sabe?


Eu tenho pensado muito nisso e tem batido essa coisa de “você não sabe amar” e fica parecendo que tem sempre uma culpa, quando na verdade, muitas vezes, o outro pode nem saber o que o primeiro outro ta sentindo e tomar um comportamento ou reação como uma coisa completamente diferente do que é.


E me dá a impressão de que se essas coisas fossem levadas em conta – no sentido de levantarmos a hipótese de que também podemos não estar dando para o outro o que achamos que estamos –, talvez os amores e as comunicações fossem um pouco melhor sucedidas, mas quando penso que isso pode ser uma mega utopia, confesso que dá medo. E desânimo.


Não julgo a moça Bovary nem o moço de mesmo sobrenome; só morro de pena quando vejo que um fica diagnosticando as atitudes do outro enquanto cada um ta sofrendo tão sozinho.

Babá Vera.

Meu irmão tinha uma babá chamada Vera.

Um dia, a Vera pediu demissão e o Fred ficou deprimido. Minha mãe jurou que nunca mais nem o Fred nem o outro filho que viesse - no caso, eu - teria babá, porque quase morria quando via o Fred apontando pra boneca que aparecia no livro que ele gostava de folhear e chamando "Béa".

Depois de uns anos, ele até entendeu o que é pedir demissão, o que era trabalho, mas vai dizer isso pra dor que ficou ali dentro!

Pedro & João

Pedro e João se conheceram na festa de despedida da Ciça, uma amiga em comum, e não tiveram como trocar algumas palavras. Como era despedida da Ciça, ela também não poderia promover encontros bem sucedidos entre eles, daquele jeito meio casual, mas com tudo pra dar certo. João deixou um dvd com a menina e Pedro, quando estava ajudando ela a arrumar suas malas, pegou o dvd e falou putz, esse filme é bom demais e ela falou putz, esse dvd é do João, esqueci de entregar e o Pedro, mais do que depressa, pegou o dvd e falou que faria o dvd chegar até o seu dono. Pegou e-mail, telefone, msn, fotolog, orkut, multiply, caixa postal, e pôs-se a entrar em contato com o menino, que respondeu, conversou, ligou, saiu, beijou, abraçou, transou, namorou.

Mas o Pedro era estranho - não que o João não fosse - e não queria muito que todos soubessem que o João era seu namorado, tinha essas questões no trabalho, em casa, com os amigos.

Ele se apaixonou pelo João, que tinha esse olhar já muito bem resolvido: assumidão, bem sucedido no trabalho, morava sozinho e não devia satisfações a ninguém e o comportamento do Pedro, de receoso, passou a permitir que ele desse muito pouco para João, que não queria resumir a sua vida a boates gays, restaurantes gays e amigos gays no fim de semana, depois de se vestir de hétero nos dias úteis.

O João tentava, de todas as formas, relaxar o namorado, tentava conversar, mas Pedro lembrava dos playboys que lhe enfiaram a porrada na saída de uma festa, nos três anos que seu pai ficou sem falar com ele, no dia em que o irmão mais velho o levou na Vila Mimosa para comer uma mulher e ver o que era bom, na mulher do seu trabalho com quem ele teve que acabar ficando para que pudesse passar de estagiário a efetivo da empresa... no primeiro namorado, a quem só beijava no completo escuro para não ter que ver que estava beijando um homem... e não deu.

Ele sabia o quanto era necessário que toda essa dor virasse só lembrança ruim, que a vida estava mostrando que não precisava ser desse jeito. Não que João nunca tivesse passado por playboy marrento na rua, que tivesse sido tema de piada na faculdade e no trabalho. Ele tinha essas experiências e alguns medinhos enterrados, como todo mortal.
Mas nele, Pedro, isso não era fácil de acontecer, por mais que ele quase explodisse tentando fazer diferente e não conseguisse, na maioria das vezes.

João cansou, Pedro se machucou, tentou consertar, comprou uma camisa de arco-íris, participou da primeira parada gay de sua vida, entrou em comunidade gls no orkut, mas João já tinha cansado, se machucado, ficou de saco cheio do Pedro. Não dava mais, sabe?

Pedro começou a fazer terapia, entrou em grupos de apoio, batalhando essa transformação.

Outro dia encontrei com ele na praia e ele disse que ainda não esqueceu o João, que ainda tá difícil, mas que ele sabe que um dia as coisas se acertam entre os dois, ou entre ele e quem quer que venha.

Too Late.

Mergulhar lentamente pode ser muito gostoso, mas, cuidado só pra quando chegar a hora de entrar a cabeça na água, o sol já tenha baixado e a maré também. Aí o mergulho não acontece, até no horário de verão.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Direto do túnel do tempo.

Uma vez, meu irmão era bem pequeno - uns três aninhos, coisa assim - e minha mãe foi buscá-lo na escola. Todas as crianças saíam e nada do pequeno Fred aparecer. Depois que não tinha mais criança nenhuma para sair, minha mãe olhou lá dentro e meu irmão - que ainda não era irmão de ninguém, pois ela ainda estava grávida de mim - estava sentado numa cadeirinha, sem roupa, um tanto quanto encolhido e assustado.

Obviamente assustada, D. Rose entrou na escola, pegou a criança e foi saber com a professora o que tinha acontecido e ela explicou: Ele teve uma diarréia e fez cocô na calça. Ao ser questionada sobre o motivo que teria impulsionado o fato de a moça ignorar completamente a muda de roupa limpa que ele levava todo dia na mochila, a moça não conseguiu disfarçar que a resposta era simples: nojo. Ela teve nojo de limpar o menino e trocar sua roupa.

Mami pegou o Fred no colo, ligou para o papi e tiraram rapidamente o então pequeno Fred da escola.

Depois de pesquisarem bastante, visitar outras escolas, encontraram uma que parecia ser muito bacana e confiaram a ponto de matricular o mini-menino por lá.

Chegou então o dia de levar o Frederico para conhecer seu novo ambiente e ele tinha todos os motivos do mundo para desconfiar de tudo.

Foi aí que, chegando lá, minha mãe mostrou a varanda e o apresentou à professora:

Fred, essa é a Elaine, sua nova professora!

Elaine abriu um sorrisão para o Fred e disse:

Oi, Fred!

Foi aí que o Fred olhou bem pra ela, abaixou as calças e fez um cocozão ali, no meio da varanda. E olhou de novo para a Elaine, bem sério.

E antes que D. Rose pudesse pensar em ficar sem graça, a nova professora mostrou que ali poderia ser o lugar dele.

Opa, fez cocô! Vamos lá pra eu te limpar?

Frederico, desconfiado, olhou pra ela e perguntou se ela ia realmente limpá-lo.

Claro que vou!

Aí o Fred deu a mão para a Elaine e ficou a manhã toda na escola. Nem precisou de período de adaptação.

*

Quantas vezes na vida a gente pode ter três anos de idade depois que se tem 28?

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Loraça Belzebu

Agora, de mechas loiríssimas, andando pela rua, correndo na Lagoa ou parada no ponto de ônibus, não tem pra ninguém: todos os trabalhadores param para mexer comigo. Na Lagoa então, paro o trânsito nas casinhas dos pescadores.

E eu achando que o lance fosse a bunda. Não é que a cabeça conta de verdade, minha gente?

Fatias

Buscou lá no fundo uma excalamação que tomasse o lugar daquele monte de perguntas que tumultuavam a sua mente. Rasgou algumas cartas antigas que já não diziam mais nada e deu algumas roupas que não lhe serviam.

[FLASHBACK]
...primeiro e último dia, roupas todas no chão, tapa na alma para depois guardar como se estivesse tudo arrumado, em ordem...
[FIM DO FLASHBACK]

Mexia os dedos do pé, antes de abrir os olhos e fitar o homem que dormia ao seu lado - ele dobrava a boca num modo único e engraçado. Lindo, também. Abrir os olhos para a vida que, há muito, lhe jogava enigmas dignos da esfinge, parecia uma brincadeira de mal gosto a qual era obrigada a se submeter. Mas precisava se orgulhar disso, também. Olhou para o lado e sorriu lá dentro, com todo o corpo, por estar ali. Só por isso. Tentar dormir novamente seria inútil agora e ela sabia disso. O melhor seria ler seu livro lá fora, se a porta não estivesse trancada.

[FLASHBACK]
No karaokê do restaurante furreca da Buenos Aires, o home de roupa social expulsava suas inquietações cantando Elvis, em alto e bom som.
[FIM DO FLASHBACK]

Lembrou da alegria de sua sobrinha, quando descobriu que é possível comprar uma torta inteira: pode ser sem ser só fatia, mãe??? - Como podem ser tão incríveis para uns, aquilo que esbanja obviedade para outros?

Na sala de jantar, o barulho era constragedor e as mulheres não entendiam o que a anfitriã tentava dizer. Horrores da comunicação, balbuciou seu cunhado, que sempre estava nos eventos sociais, ainda que a contragosto.

Tomou um comprimido enquanto fumava, já na cama, o último cigarro do dia. A cabeça estava explodindo e amanhã estava cheio de céu e chão para ela respirar.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Pra não dizer que não falei em flores.

É como se duas mãos do Hulk estivessem, uma de cada lado do coração, pressionando-o tal qual a uma espinha enorme, um caroço que pudesse ser espremido com as costas da mão.

Aí eu fico com ele comprimido, pequeno, doído, sem ar e viro criança, e sumo, surto, na ânsia de voltar ao antes. Mas o antes já se explica por si só: ele não volta nem se você se retorcer.

(Ainda que fosse possível a gente se virar do avesso, ainda assim, o antes não voltaria por isso.)

Enquanto isso, tudo continua derramado pelo chão e de tempos em tempos, a mão fica cheia e catar tudo fica impossível, porque o resto vai saindo por entre os dedos. E o coração lá, apertadinho, como um furúnculo inflamado, do qual se tenta arrancar o carnegão.

(E dói igual, que até eu que nunca tive um furúnculo, sei que dói igual, porque lembro dos olhos da minha vizinha enquanto a minha vó, junto com a dela, expremiam sua coxa para expelir aquilo que parecia ser uma espinha de ponta preta. Ela tentava me explicar a dor e eu falava que entendia mesmo sem ela falar, porque aquele olho só podia ser de alguém com muita dor.)

É uma pergunta sem fim, sem resposta, cheia de erros e senões que sai do corpo que nem coca-cola que sai pelo nariz quando a gente tenta segurar o engasgo na boca.

Bom dia...

Hoje eu andei de caiaque na Lagoa.

Que lindo, gente, que coisa gostosa de se fazer uma manhã... estou até agora com a imagem do sol batendo na água e aquela paisagem em círculo me abraçando sem nem me ver, sem nem mudar com a minha presença. Logo eu, que sempre emitia a mesma reação ao ver alguém remando lá no meio, me opondo à iniciativa de quem quer que resolvesse correr o risco de se molhar naquela água, fosse virando o barco ou levando respingos d’água. Foi bom desligar e sentir como se o mundo inteiro fosse um barquinho e um mar – porque aí eu já estava me sentindo num oceanão, sem professor no banquinho atrás, sem ciclovia em volta – e no barquinho, só deus e eu, pensando na vida, resolvendo as minhas pendengas...

Sem contar com o exercício que é pra lá de gostoso, mesmo contando com o momento em que meu braço ficou “bobo”, sem me pertencer mais. Mas eu acho que ele também se entregou, pois remou direitinho, durante todo o trajeto.

***

Que bom que eu mudei e subi naquele caiaque, que a vontade de “ir lá ver qual é” foi maior do que “e se cair?”; “e se virar?”; “e se doer o braço?”...

Ainda bem que a gente cresce, revê, reconsidera os preconceitos e os pontos de vista e se dá a chance de começar um dia de bem consigo mesma.

domingo, 26 de outubro de 2008

Eeeeeeek!!!!

Post a esmo.

Pela primeira vez eu sentia algumas coisas e sentir coisas pela primeira vez costuma ser uma senhora duma primeira vez.

Tem primeiro beijo, primeira transa, primeira menstruação, primeiro dia de aula, primeiro dia de trabalho novo, tem primeiro último, primeiro segundo, e tem primeira sensação de morte, primeira vontade de ficar junto diferente, e alguns desses primeiros têm me perseguido de maneira intensa esses últimos anos.

A tendência é eu acabar me sentindo meio idiota, meio "corpo-grande-em-cabeça-pequena", mas a verdade é que eu acabei vivendo algumas coisas já meio depois do entardecer, se é que vocês me entendem.

As primeiras sensações de liberdade me vieram com alguns anos a mais e elas eram tão bobas que muitas vezes me envergonhava quando era flagrada dando alguma bandeira de felicidade por poder estar tão obviamente solta em alguma situação banal.

(No filme invasões bárbaras, a moça fala da sensação da heroína e da importância da primeira vez, que é atrás dessa sensação que vem as segundas e terceitas vezes, ainda que em vão. )

Oração

"... alivia a minha alma, faze com que eu sinta que Tua mão está dada à minha, faze com que eu sinta que a morte não existe porque na verdade já estamos na eternidade, faze com que eu sinta que amar é não morrer, que a entrega de si mesmo não siginica a morte, faze com que eu sinta uma alegria modesta e diária, faze com que eu não Te indague demais, porque a resposta seria tão misteriosa quanto a pergunta, faze com que me lembre de que também não há explicação porque um filho quer o beijo de sua mãe e no entanto ele quer e no entanto o beijo é perfeito, faze com que eu receba o mundo sem receio, pois para esse mundo incompreensível eu fui criada e eu mesma também incompreensível, então é que há uma conexão entre esse mistério do mundo e o nosso, mas essa conexão entre esse mistério do mundo e o nosso, mas essa conexão não é clara para nós enquanto quisermos entendê-la, abençoa-me para que eu viva com alegria o pão que eu como, o sono que durmo, faze com que eu tenha caridade por mim mesma pois senão não poderei sentir que Deus me amou, faze com que eu perca o pudor de desejar que na hora de minha morte haja uma mão humana amada para apertar a minha, amém."

Lori, em Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres, de Clarice Lispector.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Amar horário de verão: Motivo 1*

Meu amor pelo dia é relativamente recente porque antes eu era da noite. Varava madrugada adentro no computador, ouvindo música, lendo, escrevendo, bebendo, namorando, tomando chopp. Aí eu descobri que caminhar de manhã cedo é bom demais, o que demandou trazer o sono para algumas horas antes. Radicalizei, então, o que me fez, por vezes, dormir às oito e meia da noite para poder acordar cada vez mais cedo, até que não tinha mais como ser "mais cedo" - trocar o dia pela noite não é legal. Tampouco seria o inverso. Aí eu ficava numa espécie de gangorra na tentativa de descobrir a hora ideal de dormir e de acordar, mas desisti: acho que tem dias que são da noite e tem dias que são do dia. Prefiro viver assim, eu acho.

A verdade é que o dia me dá ânimo e quando saio de casa de manhã, eu sempre penso que vai dar. Seja lá o que for, vai dar. Fico assim até a hora em que eu olho pela janela e vejo que o dia está escuro, quando eu penso Xi, não deu...


Agora tem mais dia lá fora, olhando daqui pela janela eu penso durante mais segundos que vai dar. Ó, eu tô pensando isso, esse exato momento.

Aliás, como disse a moça, o foco é esse!

*Motivo 1 não quer dizer que farei uma série sobre horário de verão - ainda que eu tenha criado um marcador - nem que esse seja o maior motivo de todos, por mais que eu tenha a impressão de que os outros motivos sejam apenas conseqüência desse.

.desabafo, ainda que pela metade.

Na veia!
Pena não poder desenvolver o assunto.
Chamem-me para um chopp; eu só falo sem registros.

=)

Porque hoje está um dia lindo.

Verei, verás, veremos, verão.
Primavera, outono, inverno...

Ver, veres, visto, verdes.
Amarelos, vermelhos, azuis...

(E às sete da noite ainda tem sol.)

A Carta do dia

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

The (my) Secret(s).

Beijo bom na nuca, orquídea na portaria, Oito e meio em química, moça careca na porta do banheiro, larica em Ilha Grande, Poção em Maromba, coragem pro escorrega. Bilhetinho no reveillon, 60 reais em cerveja no Tito, fusca azul em Praia Seca, e-mails anônimos prum professor. Cabelo enrolado no travesseiro, sarongue na caixa bonita, presente de fã, Espanha, professora Julia, Motel Vitória Régia, Sushi do manekineko. Recife com Lipe, Recife com Nanda, Recife com Porto de Galinhas, carnaval em Recife. Recife em novembro. Linha de chegada da São Silvestre, cabelo todo descolorido, capoeira descalça. Ano novo em Praga, conhecer a Jamaica, show da Maddonna, aumento de salário. Meu primeiro milhão, um apartamento só meu, um apartamento só nosso. Cassia Eller nos ouvidos, Lenine na rede, Ney Matogrosso no sangue. Orgasmo em pé, orgasmo deitada, orgasmo de quatro. Chopp com Mumu, chopp com Guilherme, Forró com Eva e Lis. A palavra 'aprovada' ao lado do meu nome, na lista. No colo da Déa, no colo da Rose, no colo do Rogerio, no Maraca com o Fred. Caminhando de mão dada com Juliano. No happy hour com Carolzinha e Rê, no almoço com as meninas, no catrezoito com a Lelê. Felicidade. Na vida comigo, e com quem mais quiser vir.

Obrigada.

Reboooola, nose!

Pics by me.
Gif by Paulim.
Inércia by blogspot (porque eu juro que fora do blog, a imagem mexe).

Fulô.

Tem um mundo na cabeça, um mundo lindo com sorriso e muita música, mecânicas quânticas e escalas de Planck. Engole e ri com o olho. E abraça forte. A mão vem com tudo e pega com vontade, carinho. E roça no pescoço, nas costas, na perna. E beija de verdade. Não gosta de moedas e acho que por isso, vai largando todas pelo caminho e eu nem me importo de ir catando atrás. Gosta de tapioca, tacacá, salsa e forró e disse uma vez que merengue é uma das melhores coisas de se dançar. Lê livro no celular, mesmo com letras pequenas. Tem furinhos nas camisas e são camisas e furinhos tão lindos que nem dá pra implicar. É bom reparar e falar: tá furado, mas amassado, ah... amassado nunca. Ama cinema, de dentro e de fora. Edita, vê, lê, grava, indica, mostra. Anima meu mundo e os outros mundos também. Ama. Como ninguém, como nunca. Come. Gosta quando meu nariz rebola. Faz questão, afirma, discorda, repensa, tem lentes novas de olharmundo, lentes leves e bonitas e fotografa - com essas e com outras.

Deu medo tudo isso. De não saber rir junto, de pisar no pé na hora da salsa, de tentar costurar furinhos tão bonitos. Acabou que teve pé pisado, riso solitário e furinhos perdidos por aí.

Mas eu to pegando umas lentes novas, ou nem tão novas assim. Catando algumas que deixei no fundo da gaveta de óculos, achando que fossem desnecessárias e obsoletas. E não é que elas são úteis? Bem que eu tinha a impressão de que eram lentes preciosas. Apenas não serviram naquela hora, pois o problema era (também) com a paisagem.

E agora eu amo. A lente é essa.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Dor alheia.

Fabiana estava cansada. Ontem o dia foi difícil, trabalhar doía e a cada "bom dia" pelos corredores, o desejo era o de matar um a um com sua caneta bic.

Na hora do almoço, o chefe pediu que ela levasse o cliente que visitava a empresa àquele restaurante mais bonitinho, pois ele estaria absorto em uma videconferência em seu escritório. Fabiana sabia que era mentira: o cliente era chato, o restaurante era cheio e caro e o chefe trepava com a estagiária quando todos saíam para almoçar. Olhou para a caneta bic e em seguida, para a jugular do chefe. Melhor não, vai que eu erro..., pensou ela.

O cliente chato nem titubeou na hora da conta e deixou que ela se encarregasse da comanda dele. Fabiana passou o cartão e números vermelhos pulavam em tamanho monstro dentro de sua cabeça. Reembolso, Fabiana? Isso faz parte do seu trabalho, afinal de contas, o seu emprego depende também deste homem, não é?, respondeu o chefe, depois do pedido de reembolso da refeição de 25 reais daquele cliente gordo e mal educado. Ei, seu puto! Sua braguilha está aberta e sua calça está com um pingo, Fabiana disse por dentro. Mas só por dentro.

Ao se servir de cafezinho, o copinho de plástico escorregou de sua mão e o banho de café quente não foi para ela a pior parte do dia.

Jantar da mamãe hoje... tomaria mais dois banhos de cafezinho e levaria mais uma vez o cliente balofo para almoçar para não precisar estar em família hoje.

Fabiana é a filha solteira, feinha, meio desastrada, não muito inteligente e tinha muita acne. Ainda que soubesse de tudo isso, sua mãe insistia em repetir a cada encontro que ela precisava dar um jeito em sua vida.

Saiu do escritório e parou no salão de beleza próximo a sua casa para fazer as unhas e - por que não? - uma escova. Os números vermelhos saltaram em sua cabeça mais uma vez, só que em tamanho um pouco menor. O que é um pum, para quem já está cagada?

Sentada de frente para a manicure ela via como era bonita a mulher que fazia suas unhas. Loira, cabelos enrolados, um olho azul enorme, pele branca... Você é a cara da Nicole Kidman! Quem é Nicole Kidan? É aquela da novela das surfistas? Não, essa é a Carolina Dickman. Ah tá! Ela é linda, brigada. Fabiana achou melhor não explicar. A moça gostou, que bom. Quem sabe ela não deixa de cobrar o extra da francesinha?

Ao remover a cutícula do dedo anelar esquerdo, Nicole Dickman, a manicure, deixou que o alicate escapulisse e, num golpe rápido, mínimo e doloridíssimo, um pedacinho da pele de Fabiana foi embora, deixando uma pontinha de sangue em seu dedo. Desculpa!Sem problemas, acontece, querida. Deixa eu te perguntar: você podia ver se tem alguém livre pra fazer uma escova em mim? Tá, a senhora espera um segundinho só? Espero sim. Já volto, vou lá perguntar. --- Olha, tem não, tá todo mundo ocupado. Puxa... Ok, brigada... eu deveria ter marcado com mais antecedência. É, dia de quinta feira isso aqui fica um sufoco! Tem mulher saindo até pelo ladrão! Mas a senhora tá linda, a senhora tem um rosto muito bonito, não precisa se preocupar com o cabelo.

Aí Fabiana não aguentou. Filha da puta mentirosa, essa manicure. E chorou como nunca. Chorou em silêncio, não respondia o que tinha acontecido, ainda que a manicure perguntasse se tinha sido a dor do bife arrancado, ou a escova que ela não fez. Fabiana só conseguia chorar e seu rosto vermelho e oleoso chamava a atenção de todo o salão, ainda que ela não emitisse nenhum som. Ela tá chorando. Quem? Ela ali, ó, aquela mulher meio "maljambrada". Gente, como chora aquela mulher que tá fazendo unha ali...

Até que o assistente de um dos cabelereiros puxou seu banquinho e sentou ao lado dela, oferecendo um copo d'água. Passou o braço por suas costas e segurou seu ombro com força. Sem perguntar o que tinha acontecido, ele se ofereceu para ajudar e para conversar se ela quisesse. Ela chorou um pouco mais, pois sabia que esse teria sido a melhor parte do seu dia.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Ela, sempre ela.

Eu vou lhe dar de presente uma coisa.
É assim: borboleta é pétala que voa.

Clarice Lispector

Porque presente é bom e todo mundo gosta. Quer coisa mais leve que uma pétala voando?

*

Enviei pela Lua; espero que tenha chegado aí.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Disfunção erétil das emoções

E eu fiz essa merda giganta. E pior do que a merda feita foi a não percepção de que ela estava ali, fodendo com algo tão precioso. E não havia nada que eu pudesse fazer para reverter a situação. A resposta foi um "até logo" com uma cara de "tchau" e porra. De que me adiantou tanto esforço? Pro caralho os mal entendidos, os ruídos e as expectativas. Eu tenho raiva, eu tenho idiotices, dificuldades, traumas e feridas curtidas. Mas eu tenho amor, tenho amor saindo pelos ouvidos, pelos olhos, pela boca. E me fodi, me fodi bonito, porque eu não soube. Eu não soube como usar essa coisa toda que me transborda e agora eu to sem chance pra aprender. Quero tentar ser diferente de mim mesmo, ser pelo menos uma daquelas mil e quinhentas que cabem entre aquela que eu sou agora e a que eu quero ser. Quero voltar pro outro dia, acordar feliz e falar isso na cara. Quero aprender a cavucar lá no fundo e resolver essas pinimbas que me impedem de crescer. Enquanto isso eu vou fazendo merda e fodendo os alheios? To fora. Só preciso encontrar uma maneira de varrer toda essa merda do portão, jogar no lixo e deixar o caminhão levar pra longe.

do Ipod


Você desfoca, sai do tom
Se perde e não vê
Que a confusão começa dentro de você
Disfarça, acha graça, desmonta e sorri
Não aguenta o peso
dessa máscara que esconde...

Você!... Carrega o mundo e não vê que ser...
Feliz é viver o presente e deixar fluir...
O que sente e não se importar
Com que os outros pensam que você é...
Quem é você?

Você que é tão sensata,tão cheia de si
Sempre fazendo festa e se sentindo tão só
Você que sempre agrada e sem perceber
Insiste em seguir um caminho
Que não é...

Você!... Carrega o mundo e não vê que ser...

Sai do quarto... Passa da porta e vai...
Deixa o mundo ver...
Sai do quarto passa da porta e vai
Quem sabe você?

Entrega pro mundo e vê, que ser...
Feliz é viver o presente e deixar fluir...
O que sente e não se importar...
Com que os outros pensam
Que você é...
Quem é você...
Deixa o mundo ver...

(Você_ Chicas)

Era só chamar.

E hoje o meu Madame Satã entrou no ônibus vendendo suas canetas. Emoldurava os produtos com suas unhas perfeitas e seus dedos todos preenchidos com anéis prateados - alguns com pedras, outros sem. Hoje eu estava sentada na frente, com as estratégicas lentes escuras, próprias para os dias quentes - ou difíceis - e pude receber o seu olhar de volta, reagindo comigo por conta do efeito hipnótico que sua figura costuma me causar.

Ele descreveu cada caneta - de quatro cores, de três cores, caneta-calendário, caneta de metal, marca-texto, marca-cd... - e eu, como sempre, pensava em qual iria comprar - nunca deixo meu Madame Satã descer do ônibus sem levar comigo uma caneta de sua caixa - e ele andou para o fim do ônibus e eu não consegui chamá-lo. Ele continuou com seu texto de vendedor ambulante, eu olhei para trás e ele estava posicionado para descer no próximo ponto. Vou chamá-lo, vou chamá-lo, vou chamá-lo, vou chamá-lo! (essa era eu, tomando mais uma decisão que não iria adiante)

Não chamei, ele desceu do ônibus, agradecendo ao motorista.

Deixei meu Madame Satã ir embora, quando o que eu precisava fazer era bem simples.

Mas nem tudo que é simples é fácil de fazer; eu tenho aprendido isso, das piores maneiras possíveis.

mais um domingo

PERDOA MEU AMOR
(Casemiro Vieira)

Perdoa meu amor, perdoa
Perdoa eu bem sei que errei
Perdoa meu amor, perdoa
Perdoa se lhe magoei

A minha vida era só melancolia
Até você me aparecer um dia
Como se fosse uma rosa fugidia
Fez dos meus sonhos esta louca fantasia

Ainda sinto o seu perfume encantador
E nos meus lábios os teus beijos sedutores
Perdoa meu amor, perdoa
Perdoa se me tens amor

domingo, 12 de outubro de 2008

Di goiaba

Chovia e eu tinha saído de casa com a roupa que estava quando acordei. Como estava descalça, ia flutuando, com fortes impulsos, para não molhar o pé na calçada suja, enquanto você ia um pouco atrás de mim, tomando conta. No entanto, precisei atravessar a rua e não podia parar de flutuar e o impulso foi mais forte que os outros e eu deslizei, deitada, no chão molhado, até parar, segura, na calçada da praça e você chegou para me levantar.

Acordei e aquela sensação antiga voltou. Aquele liquidificador ligado dentro do meu estômago, a lágrima quase que instantânea, a dor do silêncio real, do mundo da vigília, que não perdoa, que não realiza desejos.

Sou uma exagerada na vida e estava aprendendo a comedir. Aprendendo a viver devagar, a usar os fones de ouvido, esperar uma coisa de cada vez e agora eu só quero uma coisa, todo o tempo, mais uma vez, como se de nada tivesse adiantado tanto exercício.

Ainda não abri a janela. Não quero descobrir que não está chovendo, porque alguma coisa, ah... alguma coisa há de ser verdade.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

porém, sem o telegrama

Eu tava triste
Tristinho!
Mais sem graça
Que a top-model magrela
Na passarela
Eu tava só
Sozinho!
Mais solitário
Que um paulistano
Que um vilão
De filme mexicano
Tava mais bobo
Que banda de rock
E um palhaço
Do circo Vostok...

Telegrama - Zeca Baleiro

domingo, 5 de outubro de 2008

verborrágica entre parêntesis

E sempre chega aquele dia de fazer alguma coisa pela primeira vez. Pensando bem, não era a primeira vez que martelava na cabeça a sensação de que sozinha era uma condição que precisava absorver. Teve a caminhada na ciclovia, estréia da sensação dos fones de ouvido, símbolo-mor daqueles que não precisam de companhia para estarem em algum lugar. Só de pensar que na bolsa estava abrigado o tal aparelho solitário e cogitara a hipótese de sacá-lo agora, nesse momento, podia ouvir o grito afirmativo da solidão que arranhava o peito, ainda que de dentro para fora.

Era sexta, era noite, aniversário. O corpo doía e o cinema já era.
*

E aquelas pias "automáticas" que só precisam que você aperte a torneira e espere a água parar de jorrar? Estão me fazendo passar vergonha quando me deparo com uma pia tradicional.

*

O bacana disso aqui é a falta de compromisso. Posso mudar de asunto e não falar sobre ontem. Às vezes eu acho que essa é a vida que me faria feliz: nunca falar sobre ontem.

*

E se eu quiser, também, falo até sobre semana passada. Porque quem manda aqui sou eu.

*

No exato momento em que ele disse pro motorista parar um pouco, pois ela só ia fazer xixi e continuaria a seguir no taxi, ela se deu conta da infinidade de mundos que devem existir por aí. Queria partir de caminhão e cuia pro mundo em que esse episódio não doesse como topada na ponta do dedão da alma.

*

teve câncer, teve enterro, teve amor, culpa, medo, recaída. teve um ano, uma vida nesses dois meses de silêncio de alma virtual. a alma palpável, por sua vez, berra cada dia mais alto.

*

Por onde eu ando, o mundo parece pequeno e infinito. Porque o fato de não acabar não torna a coisa imensa, automaticamente.

*

Enquanto esse carrossel não resolver, pelo menos reduzir a velocidade do giro, vai ser foda eu funcionar normalmente no horário comercial.

*

Ela tinha uma técnica infalível, que chamava de "hipnose de gente burra". Era maravilhosa, por sinal.

*

Aí tem aquele que pergunta se eu tenho um blog e fala: JURA QUE VOCÊ TEM UM BLOG? (e eu podia jurar que essa pergunta só é feita quando a pessoa acha muito razoável e até previsível que você tenha um blog) QUAL É O ENDEREÇO? Aí eu pergunto se tem papel e nunca têm papel e por que cargas d´água pedem endereço do blog se não têm papel para anotar? Aí eu falo (sabendo que virão me perguntar de novo, pois ninguém decora), e aviso logo que não posto nada há um tempo. Aí depois (uns dois dias depois), vem um e-mail (ou um scrap) pedindo o endereço porque digitou palavradaalma.zip.net e não era meu blog. (A parte do zip.net sempre tem grandes chances de ser culpa minha, verdade seja dita. Desconheço o motivo, mas a verdade é que eu cismo que o endereço acaba com zip.net.)

Depois o cidadão comenta que lembrou muito do filme baseado no blog, que eu podia fazer um filme também. E perguntam se eu abandonei, pois o último texto é de muito tempo atrás.
(e não foi esse o primeiro aviso que eu dei, antes de passar o endereço para o infeliz?)

E falam que eu tenho um quê de Fernanda Young.
(aí o sujeito já ganha a minha antipatia: FY é a caralha!)

Tem uma atriz também que fala igualzinho a minha escrita. E putz, teve uma professora que usava essa mesma ironia que eu.

Acontece que todo mundo é igual, no fim das contas. Tá todo mundo reclamando de grana, querendo ter mais tempo no dia, precisando abraçar a mãe. A gente xinga as mesmas pessoas, ainda somos os mesmos, fazemos careta pro colega e, quando acaba a luz, rola aquele medo de um segundo.

Tá geral investindo nas estruturas falidas, tentando acreditar no amor, fingindo que não ouviu a ofensa pra não ficar sozinho, cortando gordura pra poder comer mais açúcar porque precisa emagrecer praquele casamento.

Não tem um ileso ao desejo de jogar tudo pro alto, de correr pelado no exterior, de mandar alguém pra putaquiupariu.

*

Outro dia eu conto o que aconteceu com o terapeuta.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Onde desliga?

O professor de spinning me entrega meu celular piscando: alguém me liga e não aparece nenhum nome no visor; apenas um número desconhecido. Faço que não vou atender, mas atendo dizendo logo que não posso falar e era a esposa do meu terapeuta avisando que ele não poderá me atender amanhã e que quando puder me liga e eu desligo o telefone quase saindo da bicicleta e volto para a aula morrendo de vergonha. Quem, meu deus, quem atende celular na aula de spinning e vai logo falando que não pode falar, ofegante, música alta tocando, por que atendeu então e não esperou o recado na caixa postal? Ossos do ofício, percalços da ansiedade. Ou muda, ou acata, mulher! Chega de ficar se maldizendo e reclamando. Atendeu, pronto, já foi. Acelera. Bota carga. Terceira posição. Recupera, bebe uma água. E o sonho que eu tive na noite de domingo e estava esperando para contar? Quem vai ouvir que eu sonhei que não conseguia levantar da cama no dia do meu aniversário para ir trabalhar porque estava em prantos por envelhecer? E que eu tinha aula de educação física no trabalho e o professor era o Bernardinho do voley, que não me dispensava da aula porque eu estava em crise e dizia que 'Hoje é o dia que você mais precisa treinar. Se tivesse que escalar um time hoje, você estaria nele, porque não posso deixar que você volte para casa."? Preciso dizer que nunca fui tão blasé em relação a um aniversário e já tinha achado isso ano passado, e que achei meu primeiro tufo de cabelos brancos e que, cara... o Bernardinho era o meu treinador... o meu pai me levava até o trabalho e eu não parava de chorar um segundo, tava de pijama rosa e eu nem tenho pijama rosa... o Bernardinho... É a segunda vez que o cara desmarca a sessão. Eu sei que ando muito chata, mas a ponto de espantar o terapeuta? No dia do pagamento? Não... eu dei azar, claro. Ele tava completamente afônico na sessão passada, até pediu pra mulher me ligar... vai ver é uma amigdalite muito forte, ele pode estar de cama, moribundo, pode até morrer. Puta merda. Ele não pode morrer, não agora, assim, no início do tratamento. É só uma dor de garganta forte, está sem voz, com febre. Porque esses freudianos não atendem por msn em casos de problemas de garganta ou doenças infectocontagiosas? Muito tradicionais, esses terapeutas... E se ele estiver com uma doença tipo difteria? E se ele morrer? Que medo dele morrer agora, mas se for morrer, também, que seja agora, assim, no início, não tem muito vínculo... porra, Carol, que mente doentia a sua, relaxa, o cara tá mal, você deu um azarzinho, coisas que acontecem... só comigo. Quem mais teria um terapeuta mudo no auge do inferno astral com retorno de Saturno e tufos de cabelos brancos e sonhos com o Bernardinho? Acelera. Bota carga. Terceira posição. Recupera, bebe uma água. Alonga. Belíssima aula, pessoal, até sexta.