sábado, 27 de fevereiro de 2010

Numa casa de caboclo, um é pouco.

Mudança de casa, montagem de casa. Mudança de trabalho, adaptação no trabalho. Aprender, apanhar dos novos procedimentos, do cotidiano que é novidade. As horas passam em minutos e os dias nunca foram tão curtos. Torço pelo repouso, descanso, vibro com a chuva que me tira a opção da praia no fim de semana. Supermercado, farmácia, academia. Andar na rua, ver as pessoas que também estão andando na rua. Sentir alívio quando a escola de cinema prorrogou as inscrições.

Sentar na rede e não colocar música. Ler jornal.

A verdade é que quando eu paro, me dá medo. Medo de morrer, de alguém morrer. De dar merda. De perder tempo. De perder sono, de perder. Aí não leio jornal, não leio o livro, vejo o filme enquanto faço outras coisas. Banho, fogão, bombeiro. Coisas de casa, da casa tão gostosa, tão sonhada, tão feliz.

O céu não é o dos mais animados, os pensamentos andam um pouco confusos. Barulho de ficha caindo. As decisões tomadas aparecem de outra forma. O número da última caixinha da data na folha do caderno gira em velocidade de caça níqueis. Não dá tempo e a pergunta que não quer calar é: onde eu estava quando dava?

E o nó toca a campainha; quer entrar, mas não abro a porta, não tenho tempo agora, tô sem saco pra nó.

Outro dia, um moço no bar, cheio de conversa mole, perguntou se eu queria casar, ter filhos. Eu respondi:

- Eu só quero ser feliz. Só isso.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Inté.

Pãrãrãrãrãrãrã...

Carnaval.

Não gosto, não curto, fico impaciente, irrito com barulho, muvucada, gente gritando e tacando coisas que grudam no ombro suado. Irrito com trânsito, com a imposição de clima festivo nas vias públicas, com gente te criticando porque você não está naquela "vibe" que "todos estão". Manucu todos e me deixa. Me deixa reclamar, não gostar, preferir estar no mato e não poder estar no mato. Deixa eu gostar do descanso e não da festa, deixa eu. E o meu mau humor. Tem dia que eu to empolgada e dia que não e isso não está no calendário, não está na lista de feriados nacionais. Minhas vontades estão aqui dentro e infelizmente, muitas vezes brigam com aquelas da rua e dos amigos.

Em Recife eu danço frevo e vou atrás do bloco, abraço desconhecidos e poso para fotos ao lado do mocinho com o estandarte. Dou "xau" pro padre na igreja e os recifenses chegam a perguntar se eu tenho certeza de ser carioca.

Acho que já fui mais certa disso, mesmo com os "s" chiados e as vogais abertas no maior carioca way of speak.

E hoje é dia de ir embora, infelizmente. Antes da festa de verdade começar.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

I love Alpargatas

Além de confortáveis, me lembram uma fase inicial de letras UFRJ, quando Tati me levou a uma loja na Gávea que trazia de volta os sapatinhos que eu tanto tinha gostado. Eu tinha várias, só usava elas, que, ao longo do tempo, molharam, estragaram, se foram.

A loja fechou ou parou de vender e eu não via mais o bendito pisante.

Precisou Recife me fazer entrar num shopping. E eu vi um nome, no mínimo, sugestivo: Cervera Alpargateria. Desci o olho até a vitrine, quando veio a conclusão de que minha falência estava à espreita. Várias lindas e coloridas e estampadas e listradas e temáticas e putasquiupariu.

Agora eu tenho alpargatas de novo.



Feliz da vida.

Ricifi...

Estou em Recife.

E quem me conhece sabe que eu sempre gosto disso e de todo o processo que isso envolve: saber que vou, ver data, combinar com a Nanda, fazer mala, viajar, falar mal da Gol, chorar na decolagem, ver aquele frevo brega no aeroporto. Eu ia voltar, mas acabei ficando: por 50 reais de taxa, ganhei mais 4 dias de fala arrastada, de banho de mar morno, de gente nova, de lugar quente.

E eu acho tão bom estar aqui que sou capaz de cumprimentar pessoas na rua só para ouvir o sotaque e registrar mais uma vez onde eu estou. Cuido de gato, não reclamo do calor. Vou a shopping e a mercado muvuquento. Reservo-me o direito de turistar, com requintes de cafonice e ceninhas patéticas que só um turista pode nos proporcionar. Digo que sou do Rio e encho a boca de "S" chiado para comprovar e fico com vontade de esquecer o localizador e abstrair a necessidade da volta.

Acho que gosto de fugir.
O meu humor muitas vezes ausente me empurra a isso, mas to aqui morrendo de saudade de lá, daí, de casa.

Saudade de todo mundo. Aí eu liguei pra todo mundo, mandei email, comprei blusinha micra pra Nina, abri o blog.

Louca pra ficar, sem ver a hora de chegar daqui.

Enquanto isso, vou curtindo o lugar no mundo que me deu de volta um par de alpargatas.

Devo, não nego

Devo foto atualizada, links atualizados, marcadores organizados. Textos manuscritos digitados. Blogs amigos visitados, layout atualizado, login coerente.

Quem sabe, antes dos 30...

Destrancado.

Aberto a todos, novamente. Perfil semi novo, mas prestes a mudar. Links a serem atualizados e amigos a serem visitados. Deu na telha, mais uma vez. Coisas de dias livres, de dias de viagem, de amigos, de afetos. De sotaques, de dores na lombar, de Bar do Lino, de presentes, de mudanças. De medo dormindo, de olhos arregalados. Aberta a tudo, mais calada do que de costume, mais perto do metrô, mais dentro de mim. Ganchos de redes sem redes: um em cada parede. Mais perto dos trinta, mais longe dos pais.

Mais nova e mais velha. Esperando os cabelos brancos, a disciplina, as agulhas de tricô, os saquinhos bem dobrados em forma de triângulo. Mais cansada e mais afim. Mais à vontade, achando tudo engraçado, um riso solto de culpa no ar.

Feliz por falar, por ter desabafado. Bolo vocabular desengasgado, direto ao oriente de mdf socado. Pra bom entendedor... basta.

Aberta, destrancando.