quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Como nossos pais

Na sala de espera da consulta médica suspirei aliviada por ter levado comigo um livro na bolsa: a dotôra estava "atrasada por mais ou menos uma hora", como informou a recepcionista.


Sabemos que mais ou menos uma hora pode significar mais de uma hora ou menos de uma hora e, em se tratando da minha vida, sabia que uma hora era uma bobagem perto do tempo em que eu seria obrigada a ouvir a programação da rede tv e os papos sobre ultra transvaginal, tempo de gestação e marca de fralda.

Saquei o "Canções do Rio", presente de aniversário do mais que querido Christiano Menezes e prossegui com a leitura.

No capítulo dedicado às marchinhas de carnaval, deparei-me com o trecho abaixo, de Cesar Cruz e Silvinho Drummond:

Empurra
Para entrar mais dez mil
Nesse trem
Da central do Brasil
Eu já vou na porta
Para saltar em Bangu
Sei que vou ser chutado
E pisado pra chuchu
No outro dia
Não saltei onde moro
Me chutaram do trem
Na estação de Deodoro

Não fosse a marchinha datada de 1959, eu poderia jurar que um carioca sagaz tinha criado esses versinhos numa viagem no metrô do Rio.

Atualíssimo!