segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Prêmio Socila

Volta e meia ele liga pra saber como estão as coisas, se a vida está tranquila, se aquele livro é tão bom como o que diziam na orelha.

Uma graça de educado!

Tinha o "How do you do?", que aprendi nos primórdios da língua inglesa na minha vida. Era estranho uma pergunta existir somente pra ser respondida com a sua repetição.

A: How do you do?
B: How do you do?

E assim a gente vai seguindo.

É que hoje eu estou certa de que ele sabe que nada nem ninguém é tão bomo como o que dizem na nossa orelha.

domingo, 28 de novembro de 2010

O verbete é...

Guerra
(guer.ra)
sf.
1. Conflito armado entre nações, etnias etc.
2. Campanha militar.
3. Luta, combate, conflito armado ou não.
4. P.ext. A arte militar.
5. Administração militar.
6. Fig. Oposição, rivalidade: guerra entre os sexos. [ antôn.: Antôn.: paz. ]
[F.: Do germânico werra. Ideias de: bel(i/o)-, guerr- e polem(o)-.]

Guerra atômica
1 Mil. Ver Guerra nuclear.

Guerra bacteriológica
1 Mil. Ver Guerra biológica.

Guerra biológica
1 Mil. Tipo de operação militar na qual se usam como armas organismos vivos que causam doenças, ou produtos tóxicos, destinados a dizimar seres humanos, animais, vegetação etc; guerra bacteriológica.

Guerra civil
1 Guerra ou conflito entre grupos de cidadãos de um mesmo país; guerra intestina.

Guerra convencional
1 Mil. Guerra travada somente com armas convencionais, sem o uso de armas nucleares ou biológicas.

Guerra de extermínio
1 Mil. Guerra cujo objetivo é exterminar totalmente a população inimiga; guerra de morte.

Guerra de morte
1 Fig. Ver Guerra de extermínio.

Guerra de movimento
1 Mil. Aquela na qual as tropas de um dos lados ou de ambos os lados estão sempre em movimento, visando a dificultar os meios de defesa do inimigo ou a surpreendê-lo. [P.op. a guerra de trincheira.]

Guerra de nervos
1 Mil. Numa guerra, emprego de ações ou operações cujo objetivo é deixar o adversário permanentemente sob tensão e abalar sua confiança, de modo a diminuir sua resistência ou disposição para a luta.
2 P.ext. Em confrontos ou conflitos não armados (concorrência, competição esportiva, etc.), uso de declarações ou atos que visam irritar ou desorientar o adversário.

Guerra de posição
1 Mil. Aquela na qual cada lado, entrincheirado, busca minar a resistência do inimigo para ir conquistando gradativamente posições mais vantajosas.

Guerra de trincheira

1 Mil. Aquela na qual cada lado, entrincheirado, tem como objetivo a conquista da trincheira inimiga. [P.opos. a guerra de movimento.]

Guerra econômica

1 Disputa pela supremacia econômica, na qual as armas são também de natureza econômica (pressões, políticas de preço, subsídios etc.)

Guerra fria

1 Estado de tensão ou de hostilidade entre países ou instituições internacionais, que se antagonizam na condução das políticas, em ameaças implícitas e explícitas etc., mas sem conflito armado ou guerra declarada. [Com iniciais maiúsculas, designa a situação geopolítica e o período histórico correspondente, entre o fim da Segunda Guerra Mundial (1945) e os anos 1980, em que esse tipo de tensão envolvia as duas grandes potências da época, E.U.A. e U.R.S.S. e seus respectivos aliados.]

Guerra global
1 Mil. Guerra na qual as operações militares abrangem o mundo inteiro. [Cf.: Guerra total.]

Guerra intestina
1 Ver Guerra civil.

Guerra limitada
1 Mil. Aquela na qual não são mobilizados todos os recursos bélicos das partes em conflito.
2 Aquela que se desenrola em área geográfica limitada; guerra localizada.
3 Aquela que tem objetivos estratégicos limitados.

Guerra localizada
1 Ver Guerra limitada (2).

Guerra nuclear
1 Mil. Aquela na qual são ou poderiam ser us. armas nucleares; guerra atômica.

Guerra psicológica
1 Oposição ou hostilidade em que os adversários procuram amedrontar ou afetar o ânimo, a disposição, a confiança, etc. do oponente, por meio de ações que não são de agressão direta.

Guerra química
1 Aquela na qual são ou poderiam ser us. como armas substâncias químicas prejudiciais à vida, incendiárias, desfolhantes etc.

Guerra revolucionária
1 Guerra que, por motivos ideológicos, visa a derrubar governo ou regime, ger. com mobilização de segmentos da sociedade, tropas irregulares, ações de guerrilha etc.

Guerra santa
1 Hist. Rel. Termo us. (pelos promotores da guerra) para designar no passado guerra contra povo ou país de outra religião, que visava conquistar lugares ou símbolos sagrados em seu poder.
2 Termo us. (pelos promotores da guerra) para designar guerra motivada ou justificada por diferenças religiosas, que visa à imposição de uma religião a uma população ou à eliminação de outra religião.

Guerra sem cartel
1 Ver Guerra de extermínio.
2 Fig. Luta ou perseguição implacável, incansável

Guerra total

1 Aquela na qual as partes envolvidas usam todos os recursos disponíveis, os materiais e os humanos.
2 Ver Guerra de extermínio. [Cf.: Guerra global.]

Velho de guerra
1 Pop. Forma carinhosa de designar alguém/algo por quem/pelo qual se sente apreço, gratidão etc., ger. decorrente de um longo convívio: amigo velho de guerra: Lá vinha ele com sua mochila velha de guerra

Fonte: http://aulete.uol.com.br/site.php?mdl=aulete_digital&op=loadVerbete&pesquisa=1&palavra=guerra

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Como nossos pais

Na sala de espera da consulta médica suspirei aliviada por ter levado comigo um livro na bolsa: a dotôra estava "atrasada por mais ou menos uma hora", como informou a recepcionista.


Sabemos que mais ou menos uma hora pode significar mais de uma hora ou menos de uma hora e, em se tratando da minha vida, sabia que uma hora era uma bobagem perto do tempo em que eu seria obrigada a ouvir a programação da rede tv e os papos sobre ultra transvaginal, tempo de gestação e marca de fralda.

Saquei o "Canções do Rio", presente de aniversário do mais que querido Christiano Menezes e prossegui com a leitura.

No capítulo dedicado às marchinhas de carnaval, deparei-me com o trecho abaixo, de Cesar Cruz e Silvinho Drummond:

Empurra
Para entrar mais dez mil
Nesse trem
Da central do Brasil
Eu já vou na porta
Para saltar em Bangu
Sei que vou ser chutado
E pisado pra chuchu
No outro dia
Não saltei onde moro
Me chutaram do trem
Na estação de Deodoro

Não fosse a marchinha datada de 1959, eu poderia jurar que um carioca sagaz tinha criado esses versinhos numa viagem no metrô do Rio.

Atualíssimo!

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Viciada na com crê tudo.

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s são
paulo.

Sonhos concretos

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do o cor
po e 
a cor 
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na ca
ma dei
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des
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ves
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con 
tidos
ex
cita
dos
cala
dos
ex
na
morados.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Sessão Amigdalite.

Enquanto os meus gânglios não viram duas Jabulanis pra azucrinar os goleiros da copa do mundo, eu vou seguindo com a tentativa dessa semana histórica do tédio passar o mais rápido possível.

Já conferi, de cabo a rabo, as programações das tvs aberta e fechada no período da tarde e da madrugada (porque a hora de dormir talvez seja a mais irritante por conta da dor rasgante que começa no fim da língua e termina na alma, se é que termina), já brinquei com os bibelôs do mundo nerd no quarto do meu irmão, discuti 74 vezes com a minha mãe, apertei 47 vezes em um minuto o botão de refresh da minha caixa de entrada de emails, entre outras vãs alternativas de ficar tranquila nos intervalos do antibiótico de 875 mg ou o maior comprimido do mundo.

Parece uma piada sem graça: você tem uma dor de garganta que te tira do sério e para que a amigdalite purulenta [sic Sidinho] vá embora, você precisa ingerir uma caneta de dez cores de 12 em 12 horas. O comprimido só perde pro Geneal duplo.

Ontem, no entanto, como a insônia já era prevista, liguei para a locadora e o mocinho deles trouxe-me 3 filmes - que foram vistos em sequência, tal qual uma temporada de Lost (snif...).

Enfim, vi "Amor sem escalas" (Up in the air), com o pediatra do ER cada vez mais belo e charmoso, numa trama que muito me agradou.


Eu sei que não sou imparcial para certos assuntos e raramente um roteiro que trate do digamos Lado B universo afetivo me soa bem. O primeiro foi "O grande garoto", roteiro adaptado do romance de Nick Norby. Gostei muito do olhar para o mundo das descartabilidades (existe isso?) de pessoas, tanto no mundo corporativo como nas relações que estabelecemos fora daquelas às quais somos obrigadas e como podemos aprender com elas. Gosto quando alguns pontos de vistas que (até então) não se encaixam nos convencionais são apresentados sem maiores julgamentos.

Boa parte do filme segue por aí, e mesmo com as já esperadas e conhecidas lições e o (nem sempre verossímil) arroubo do amor que aprendemos ser correto, o saldo foi positivo. Nota 8,5

Em seguida, para Dona Rose não desistir do terceiro, botei Gloria Pires e Paulo Miklos no DVD e me surpreendi com "É proibido fumar".


Gloria Pires arrasou na solteirona professora de violão tentando dar um jeito na vida enquanto disfarça suas fraquezas e tenta controlar a compulsão dos cigarros. O quanto precisamos/podemos engolir de sapos para levar uma história adiante? O que a gente releva do outro quando gosta... a gente gosta ou a gente precisa realmente de alguém? Como essas coisas são percebidas, se é que são - já que nem sempre temos uma fita nos mostrando o que o outro viu de meleca que colocamos debaixo da mesa?

A história me desceu redondo, a tensão veio na medida certa, o desfecho foi equilibradamente surpreendente e previsível. A rotina de trabalho, as picuinhas de família e a dificuldade das pessoas em aceitar as opções alheias foram tão bem colocadas - sem muita breguice, sem muito engajamento -, que cada personagem ou situação ganharam minha torcida. As cenas no cubículo depilatório arrancaram gargalhadas.

O filme arrancou não só gargalhadas, mas lágrimas, surpresas, identificações. Saldo positivíssimo.

E por último, mas não menor, revi Abraços Partidos (los abrazos rotos).


Pausa para três suspiros.
Ahhhh
Ahhhh
Ahhhh

Vou revê-lo mais uma vez, daqui a pouco, sem som. Aquela harmonia de vermelhos, azuis, roxos, amarelos, mosaicos, cenários de Hoper, Penelope Cruz divina ali no meio do arco íris vibrante... cada detalhezinho das paredes, da pipa na areia da praia, na camiseta do Diego discotecando, no vidro da recepção do hospital.


Tudo é lindo no mundo de uma história dentro da outra, dos segredos loucos desabafados como presentes estranhos de aniversários. Relações doídas, doidas, enterradas, cegas. Um carinho para a visão e um agradecimento ao bom gosto, ao olho, às mãos e às referências de quem torna isso possível.

Acabou o terceiro e o único arrependimento foi de não ter alugado o quarto. A ideia era alugar Sherlock, mas achei exagero. Talvez fosse, pois se depois de três saldos tão positivos (minha conta bancária invejou) eu vejo alguma coisa more or less, ia estragar esse bloco satisfatório.

Depois continuei de frente pra tevê, me entupindo de enlatados que o mundo a cabo oferece. Aproveitando o mundo a cabo que a casa de mãe oferece.

Para hoje, aceito sugestões.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Sick Lady

Foram dois dias que ela esteve presa. Por 48 horas, só percebia que a manhã dava lugar à tarde que saía de cena para a noite porque olhava para os relógios da casa. Não havia castigo pior do que o de não poder ver a rua, dar bom dia ao porteiro, tomar suco na esquina, correr perto da ciclovia. A moça adorava a rua e tudo que vinha de fora pra dentro, mas agora não poderia sair por mais algumas horas. Estava muda, com pés presos e mãos atadas no chão, na doença. Um pouco ousado do sol entrava pela fresta da janela e dava o gosto do mundo a alguém que não poderia, tão cedo, passear e voltar com as bochechas rosadas.

Suspirava de desânimo, gemia de dor, reclamava da sorte enquanto mudava de canal, compulsivamente e procurava notícias bizarras na internet.Lamentava a solidão, a ausência de remédios mágicos para sua cura, temia a provável necessidade de um tratamento mais agressivo, rezava por um imprevisto em forma de milagre, uma saúde nova, uns oito anos a menos.

A porta do quarto se abriu para o remédio das quatro entrar. Comprimido empurrado por copo de leite que arranhava a garganta ao descer, deixando gosto de plástico na boca pelos próximos poucos minutos. Remédio ruim, lento, beirando o desnecessário. Enfadonho. Era a quarta dose e a dor só fazia aumentar - algo dizia que a prescrição médica não havia sido a melhor. Praguejava por não ter optado pela automedicação que exemplificava sua obediência cega aos bons costumes e regras difundidas na tevê.

A hora do sono chegou, mas o sono não. Sabia que precisava dormir, pelo próprio bem estar, pela recuperação, por sua saúde. Mas já havia aprendido que carneirinhos contados não faziam gente crescida dormir. Reclamou em silêncio mais uma vez das faltas que preenchiam sua vida e dos acontecimentos que só faziam esvaziá-la.

Antes que pudesse perceber, dormiu como todos quando dormem não percebem e sonhou, como todos sonham e nem sempre acordam lembrando.

The flu

Ficar doente é um saco. (Mó ruim, né, Bia!)

Segunda à noite um vírus mala se atracou comigo e a garganta fechou, o corpo foi de 36 pra 38,6 e os ossos resolveram doer enquanto a cabeça explodia e o olho mareava. De lá pra cá, que saco! Hospedei-me na casa da mãe, com direito a pai dando pitaco e os dois dizendo o que eu posso ou não fazer. Ir pra minha casa é algo que eu não posso fazer. (!!!)

Essa coisa de corpo é louca.
De repente você não está mais bem e obedece todo o ciclo de um trequinho que entra em você e começa a agir pra te derrubar. Daí cresce uma bolota entre o pescoço e a mandíbula que faz doer quando engole. E eu não posso andar descalça, meu pai manda trocar o edredon por um lençol, não posso ligar o ventilador (e eu amo vento), o banho tem de ser frio.

Irritação.
Pior que tpm; puta ao extremo. Não consigo responder nada de forma delicada.

Uó.

terça-feira, 25 de maio de 2010

It´s over

Curto, mas intenso. O tempo foi pouco, mas quando eu a conheci, não pude descansar em paz. Precisava desvendá-la, entendê-la, brincar com ela, questioná-la, sugá-la até não poder mais. Foram talvez dois meses apenas de convívio: alguns dias inteiros, quando ficávamos sem sair de casa e eu ouvia seus barulhos, sussurros e ria de suas piadas.

Acabou, como tudo na vida faz um dia: começa, faz uma graça e acaba. Talvez, por não gostar muito de conclusões finais, fiquei um tanto quanto melancólica quando vi ontem o episódio final de Lost.

Não foi bem como eu pensava, mas foi como devia ser, como tudo que acaba, quando tem vida própria.

Lost in piece.

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O sol está sempre ali no céu
A terra é que faz o carrossel
De noite o sol apaga sua chama
E dorme debaixo da minha cama

[Arnaldo Antunes e Edgar Scandurra, em "O Sol"]

Enquanto o sol se reveza para descansar debaixo da cama de Antunes e Scandurra, a lua bate ponto na janela que me cabe nesse latifúndio.E ela tá foda, como sempre eu achei a lua e oferecia aos meus amores e amigos. Pedi ao penúltimo uma foto da moça. Cheia redonda, amarela, vermelha, laranja, brancona, impressa num papel fosco, moldura branca pra destacar... mas ele não deu. Falou que não dava pra tirar foto da lua; a luz era complicada, segundo ele.

Mas ela bateu ponto. Sempre que eu olho, ela está lá. Quase sempre, claro. Tem dias que eu não vejo, tem dias que ela não está desse jeito. Mas olhar pro céu foi um hábito construído.

Cheguei e olhei o céu preto e frio e não sei se é a febre que me pescou no teatro cheio de gente, mas acho que ela está desfocada agora. Um troço meio lá e cá de lua, que você não define cor, forma, tamanho, luz.

E é engraçado como qualquer coisa passa a ter um significado pra você, quando o olho aponta com força pra coisa olhada. Ou perde o sentido: tenta repetir uma palavra consecutivamente: você não sabe se a primeira sílaba é a última ou a segunda. Ela deixa querer dizer alguma coisa e passa a ser ritmo. Aí você acha bobo e se pergunta como chegou a essa idade rindo dessa grande bobagem? Mas não é bobagem, é coisa que se for boba, tem ritmo e já morou no dicionário em algum momento.

O truque da palavra, no entanto - já não me iludo mais - não funciona com qualquer pensamento repetido e pode ser fatal se você repete um nome sem parar para torná-lo ininteligível. Nesses casos, o batizado com o nome pode entender como um vocativo gago, falado mil vezes e atende. E volta com força socando a sua cabeça como que com um martelo. Bate nas orelhas, belisca a ponta do seu peito, sussurra no pescoço pra te arrepiar - tudo isso quando você quer é esquecer. O único erro foi usar o truque da palavra.

Não use mais truques errados para esquecer um amor. Ele pode bater ponto na sua janela, entrar no sonho e fazer você acreditar que se pertencem, mas era você chamando e aí então não se pode reclamar.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Ou isto, ou aquilo, ou porra nenhuma.

Podia ser pior.

Verdade, mas podia ser bem melhor também. É sempre melhor do que poderia, mas nunca bom o bastante: frustrar ou resignar? Esperar ou correr feito louco? Está muito caro ou eu que ganho pouco?

As reticências nunca parecem se atrasar, ainda que cheguem sem muita conclusão. Tem coisa pacas a ser feita, tem escolha, tentativa, tem erro a vera pela frente. E as funções de casa não acabam, a poeira não para de entrar pela janela, beliscando a minha intolerância perante o mundo.

Tenho tentado dançar mais. Ver mais e conversar com pessoas. Entender, mesmo limitando-me ao que o entendimento permita.



Desabafos.

Quinta feira, vésperas de páscoa. Saudade. Preciso de um cigarro, de um baseado, tomar uma cerveja. Cansada. Trepar. Gritar no orgasmo, suar e acabar dormindo. Mas sem vontade de acordar com ninguém ao meu lado. Olhar e ver algum nu diferente, roncando. Aquele pau pendendo pro lado, o cheiro do pacote aberto da camisinha. Preguiça de um nu. Sem tesão, quando sem Antonio. Quase já não me amo mais. Vejo meu corpo descuidado, cabelo sem corte, sobrancelha crescendo. Estou esquecendo de mim mesma, ficando doente, jogada, encolhida. Precisando de colo, de ginástica, de um médico. [ desabafo ]. A dois passos do desemprego, ainda no mirante da cobertura. Necessidade do alcance. Preciso dar um jeito na dor de cabeça, na menstruação desregulada, na barriga crescendo. Ser feliz asteriscamente falando: em todas as direções e sentidos. No corpo todo.

[Ando tentando entender acordada, viver em conjunto.]

Rumo a.

Um nome para o dia de hoje? Liberdade. Dois nomes? Liberdade e esperança. Uma frase? Estou melhor. Um resultado? A dor de cabeça sumiu.

Pedi demissão e fiz um texto de despedida tão bonito que quase me emocionou. Desencaixotei sonhos, esperanças, expus meus nãos.

Saí pelo corredor trancando a porta e o elevador chegou assim que eu chamei e ele estava subindo. Entrei no elevador. A cobertura tem vista e não é para o horizonte. Não quero mergulhar nele. Quero a orla, a piscina, o lago, o rio. Eu desejo o real. É pouco e complexo, mas eu amo. Preciso amar as coisas e meus projetos, assim como amo Antonio. Assim como eu investi em nossas noites, nossos encontros. Preciso amar minha energia, usá-la a meu favor. Não ao horizonte.

Preciso tentar a primeira vez. Ana Maria citou Chico Xavier hoje ao telefone: algo como fazer algo que nunca se fez para conseguir algo que nunca se teve. Quarta feira, pré feriado de páscoa.

Perdi a contagem dos dias sem Antonio. Acho que estou fechando a segunda semana. Não conto com o colo de sábado, concessões não são encontros. Antonio não estava ali, não me beijou na despedida e não quer me ver de novo. E eu continuo sem querer conversar a respeito. Amo Antonio e isso não é mais novidade.

Estou envelhecendo e me parece normal que as novidades sejam cada vez mais escassas.

habemos flores.

tem flor na sala. vermelha, seca, não menos bonita por estar morta. nem sempre a vida é tão bonita e a flor seca é de um vermelho tão vivo que talvez, na vida não tornasse tão vivo e quente aquele ambiente. a primeira flor. já respirou e sugou da terra o que devia e carrega, de alguma forma todo esse alimento. a tinta que passou por cima dos passos dos insetos não causou tanto estrago. a abelha que carregou sua semente provavelmente também não esteja voando, tão pouco enfeitando, em um jarro, alguma mesa ou canto de sala.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Metamorfose sem verbo.

Acho que tô virando um caracol.
A vontade é me enroscar em mim mesma.
Até virar um ponto final.

Então, dois dedos afastada da margem, um novo parágrafo.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Outro mundo

terça-feira.

Gone. Já era. Menos um dia. Péssimo dia, aliás.

Tenho um outro trabalho. Não menciono na apresentação porque acho que me trai, me estraga, desaponta quando descobrem que eu trabalho em “escritório”.

O mundo que paga minhas contas é horrível e meu horário comercial é ocupado por bossalidades compartilhadas por seres vivos desprezíveis de idéias irrelevantes. Um mundo que, inclusive, me fez pensar de modo tão arrogante, permitindo registros desagradáveis como o anterior. Não tenho culpa, esse ambiente creme e bege nude me proporciona episódios tão desconfortáveis quanto um sapato numero 34 num pé tamanho 36.

Trabalho com mais 87 pessoas e divido a "baia" com uma ninfeta loira de brincos dourados, cuja melhor amiga nutre uma calvície hipnotizante. As duas acabaram de parir e “trabalham” mais de 10 horas diárias, ou pelo menos deixam as crianças para desfilar com seus laptops enquanto difundem jargões neologidados especialmente para o mundo dos recursos humanos. Mundos do universo maior de RH.

Hoje eu quis um abraço do Antonio. Acho que faria bem dormir com ele por mais essa noite. Segurei o telefone, mas não voltei a chamá-lo. Contive toda minha insatisfação e a descarreguei num telefonema. Tinha perdido metade da minha aula, meus alunos ficavam a ver navios por conta das vaidades de uma loira que deveria estar amamentando quando na verdade, vibra com um PowerPoint animado. Estou cansada e a comida estava sem gosto (ou minha língua não estava com disposição de sentir muito mais sensações.).

Amanhã vou ao aeroporto para mais uma reunião em Porto Alegre. Essa era a minha sexta reunião por lá e eu nunca consegui conhecer a cidade além do aeroporto – filial da empresa. Estranho? Nem tanto. Trata-se de uma realidade normal no nude world. O ppt, o checklist e o localizador já estavam impressos.

Pena que o localizador não assumia a função sugerida em seu nome, pelo menos não nessa terça feira.

Janela da Alma

Algo estranho com os meus olhos. Entre eles e o mundo, uma quebra. O lado de fora embaça; o de dentro, naufraga. Duas placas sem ponte, dois globos independentemente vivos. O de fora construído por dentro é meu e tão meu que pensa ser também o de fora, meu. Mas cada vez que olho de fora, mais um mundo aparece e assim é a progressão geométrica do que está errado com os meus olhos. Tem sempre mais um mundo pra ver e entender. A placa de dentro cansa de olhar pela janela, já é escuro.

domingo, 2 de maio de 2010

Sem Antonio

Eu estava ficando velha. Já não sofria mais por amor.

Quando Antonio disse, n'aquela tarde, que não voltaria mais, não parecia que meus braços estavam caindo e que um rato comia meu estômago. Eu chorei uma tristeza calma, desolada, uma dor consciente de sua efemeridade. Eu ainda precisava tirar as roupas do varal e tomar rápido o café, pois, apesar de ser sábado, eu tinha, à tarde, duas aulas para dar.

E já tinham se passado 24 horas desde o nosso último contato. Enquanto eu manobrava o carro na garagem, lembrava da nossa última noite.Deu saudade e eu chorei de novo, mais um pouco.

Era primeiro dia de aula; eu estaria ocupada demais e o espaço de Antonio já não era tão grande. Eu podia viver sem ele e gostei de estar ficando velha. Talvez eu fosse alguém a quem ninguém fosse abraçar permanentemente para a vida. E aí sim, virar uma velha sem noção, aos 70, meio surda, meio bêbada, viciada em buraco e sueca, amiga de flanelinhas, quem sabe até com um filho meio desnorteado que preferiu morar com o pai, ainda que eu tivesse reservado na minha casa um quarto para ele dormir quando me visitava, semanalmente.

O Antonio não me daria filhos. Acho que o Antonio nunca deu nada pra mim. Digo, em longo prazo. Ele dava sensações pontuais, prazer por si só. Para o longo prazo, restavam apenas as lembranças, que ainda estavam pontiagudas, espetando no estômago. A velha aqui, no entanto, já entendeu que essa não é a pior dor. Já fui a enterros mais tristes. certamente.

Sábado é um bom dia para se dirigir; o trânsito é livre e as pessoas agem como se estivessem sem compromisso de horário. Melhor: eu ajo como se assim fosse, ainda que o que correspondesse a minha realidade era o fato de ter 20 minutos para chegar até a universidade.

Meu nome é Branca, estou beirando a idade que faz vislumbrar as próximas, pela primeira vez. Percebo o quanto o meu sentir vem mudando.

O fim de semana pegou carona com uma vespa e quando dei por mim, já estava cumprindo a deliciosa obrigação social do chopp de domingo com 2 ou 3 amigos que me ajudam com a (boa) displicência a passar por mais esse término afetivo. "Mais esse" - e eu digo em relação a minha vida e em relação às passagens de Antonio por ela.

Nem sempre é significativo, mas é importante dizer que sou a última solteira do meu grupo de amigos. Muitas vezes, esse fato (ou a ausência de um fato mais importante) me caracteriza no grupo: ando sozinha há anos, ainda que os amigos insistissem, há anos atrás, que alguém legal apareceria e que quando menos esperasse, estaríamos juntando os trapinhos. (Ainda bem que todas elas seguiram caminhos profissionais não místicos; uma tenda de vidente não as levaria ao sucesso.)

Solteira já tinha passado do meu estado civil para algo que me qualificava como aquela que eu sou. E eu tinha aprendido a ser essa mulher que muitas vezes fazia seu público jurar que tinha optado, por prazer, pela solidão, Público sim. Eu atuo, na maioria das vezes. tranco-me numa esquisofrenia de um mundo complexo e íntimo e finjo - para poder conviver - que tal mundo não existe.

A segunda feira já tinha chegado e estava prestes a se despedir de mim: 21:00 - essa era a chocante informação que meu celular fornecia.

Fiquei feliz: tinha sobrevivido ao terceiro dia sem Antonio.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Da lama ao caos. Do caos ao lamas.

Suspeitei que algo estaria errado quando, na segunda feira às 21:30 o ponto de ônibus da Presidente Vargas, em frente à Candelária, estava lotado. O meio da rua vazio sem nem sinal de ônibus algum, num ponto comum a tantas linhas diferentes, ia dando a entender que realmente alguma coisa estava fora de sua rotina. O 154 chegou e era como se eu estivesse dentro de um coletivo das seis da tarde e não das dez da noite: gente em pé, sem muito espaço de respiro, entrando em média 6 pessoas por ponto. O caminho, da Praia do Flamengo até a Marquês de Abrantes foi até melhor que o esperado, tendo em vista o trânsito perturbador que o motorista precisou atravessar, em frente ao IHGB, no sentido Lapa.

Eu tinha pego dois trajetos de muita chuva ao longo do dia e isso significou dois momentos de roupa secando no corpo. O nariz não gostou, a imunidade baixou, a cabeça reclamou e a noite foi de cão.

Acordei desavisada sobre o caos do lado de fora. Tomei conhecimento pela Internet, acompanhando twitters, globonlines, enquanto tentava desvendar os mistérios da ilha de lost trancada na minha habitação quadrática. O dia acabou e eu era melhor amiga de Sayid, chorei de soluçar no enterro do Boone, fiquei com raiva do careca e da Kate e tremia a cada barulho da chuva na minha janela. Podia ser o vento assassino, os outros, o Ethan.

Mas era uma chuva cujo tamanho a cidade só viu há 44 anos atrás e que conseguiu abalar um território em todos os sentidos. No meu trabalho, alguns dormiram lá mesmo, encolhidinhos no chão. O pai de uma amiga demorou 12 horas para fazer o trajeto Castelo-Tijuca. A moça da limpeza perdeu tudo que tinha em casa. O marido da minha prima dormiu num posto de gasolina. O prefeito mandou geral ficar em casa. As contas não contarão o dia de ontem como atraso de pagamento. A PUC ficará até sexta sem aula. Meu pai tá vigiando a vista linda da janela dele, com medo de deslizamento.

E a gente pensa que pode ser irônico dar graças a Deus por não ter terremotos, vulcões ativos, furacões; os tais desastres naturais; hoje essa sorte está mais distante, com a cidade meio barrenta, uma galera sumida, um bando de árvore caída, de rua fechada, de comércio fechado.

Os portais de notícias bombam, os e-mais solidários pipocam, as pessoas pensam nas outras, lembram que tem pobreza, miséria, esgoto entupido, não mudam de assunto.

E tome tênis, guarda chuva, capa, saco plástico no pé, marcação de choppinho, até que venha a próxima enxurrada de notícias, intercalada com uma quase imperceptível calmaria.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Lost - me rendi

Cheguei a ensaiar um acompanhamento da série, logo que começou a passar na TV aberta, mas desisti logo, assim que soube que o autor não sabia o final, que não tinha nada concluído na cabeça de ninguém, ou seja: estaria eu cavando mais ma caverna do dragão em minha vida?

Não vi o segundo nem o terceiro episódio de Lost, desdenhando ao passar pela sala e me deparar com alguém vendo os personagens em uma espécie de escritório subterrâneo na ilha. Achei o fim da picada e dei graças a Deus por não ter dado continuidade ao status de telespectadora da série.

Enquanto isso, por outro lado, o troço virou febre: todos falavam sobre o grande mistério da ilha, falavam em Jack, em Kate, em Sayd e até em Rodrigo Santoro. E eu, do lado de cá, me espantava com o tanto de gente boa a elogiar a série. Não podia ser tanta bobagem assim. Continuei me segurando, mantendo minha postura euodeiolostnemquerosaber até chegar aos meus ouvidos a grande informação: escreveram o final de Lost. O autor estava entregando a última temporada e o troço já seria explicado.

Lá fui eu atrás e cá estou ainda na primeira temporada, cheia de perguntas.

1. Que vento é aquele que matou o piloto?

2. E as outras pessoas que ficaram na ilha? São 48 sobreviventes - agora 46 -, mas só temos 6 ou 7 personagens da série? Os outros estão lá para quando a gente esquecer do vento, eles sumirem e a culpa ser da tal força estranha?

3. Ninguém toma banho de mar naquela praia foda?

4. Aquela patricinha ficou um ano em Paris e não sabia nem o francês básico?

5. Todos eles caíram de um avião e nenhum quebrou perna ou braço?

6. Por que as roupas do primeiro episódio não estavam rasgadas ou sujas?

Tem mais pergunta; algumas eu esqueci, outras achei implicantes em demasia.

Agora tenho um grande mistério a desvendar.

sábado, 27 de março de 2010

...

- posso ficar aqui?
- em que sentido?
- no de deitar aqui quietinha, sem interagir muito, sem falar nada. preciso só d'um ombro.
- mas você sabe o que isso significa?
- um momento confortável, feliz. tem sido difícil.
- e por que eu?
- porque ainda é você a noite boa de dormir, a manhã bonita de sol, mesmo de janela fechada.
- e na hora de ir embora?
- vai doer, eu sei.
- e mesmo assim você quer vir?
- eu não sei tomar decisões.
- então decide hoje logo.
- eu não vou.
- e o ombro?
- deixa pra lá.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Transbordamento

Às vezes, não dá. E quando acontece, os às vezes não escolhem lugar, companhia, horário, dia da semana. E eu choro, desabo, entorto a boca e fico vermelha. No lado de quem for, pisando em qualquer chão, do lado de dentro de qualquer porta.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Numa casa de caboclo, um é pouco.

Mudança de casa, montagem de casa. Mudança de trabalho, adaptação no trabalho. Aprender, apanhar dos novos procedimentos, do cotidiano que é novidade. As horas passam em minutos e os dias nunca foram tão curtos. Torço pelo repouso, descanso, vibro com a chuva que me tira a opção da praia no fim de semana. Supermercado, farmácia, academia. Andar na rua, ver as pessoas que também estão andando na rua. Sentir alívio quando a escola de cinema prorrogou as inscrições.

Sentar na rede e não colocar música. Ler jornal.

A verdade é que quando eu paro, me dá medo. Medo de morrer, de alguém morrer. De dar merda. De perder tempo. De perder sono, de perder. Aí não leio jornal, não leio o livro, vejo o filme enquanto faço outras coisas. Banho, fogão, bombeiro. Coisas de casa, da casa tão gostosa, tão sonhada, tão feliz.

O céu não é o dos mais animados, os pensamentos andam um pouco confusos. Barulho de ficha caindo. As decisões tomadas aparecem de outra forma. O número da última caixinha da data na folha do caderno gira em velocidade de caça níqueis. Não dá tempo e a pergunta que não quer calar é: onde eu estava quando dava?

E o nó toca a campainha; quer entrar, mas não abro a porta, não tenho tempo agora, tô sem saco pra nó.

Outro dia, um moço no bar, cheio de conversa mole, perguntou se eu queria casar, ter filhos. Eu respondi:

- Eu só quero ser feliz. Só isso.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Inté.

Pãrãrãrãrãrãrã...

Carnaval.

Não gosto, não curto, fico impaciente, irrito com barulho, muvucada, gente gritando e tacando coisas que grudam no ombro suado. Irrito com trânsito, com a imposição de clima festivo nas vias públicas, com gente te criticando porque você não está naquela "vibe" que "todos estão". Manucu todos e me deixa. Me deixa reclamar, não gostar, preferir estar no mato e não poder estar no mato. Deixa eu gostar do descanso e não da festa, deixa eu. E o meu mau humor. Tem dia que eu to empolgada e dia que não e isso não está no calendário, não está na lista de feriados nacionais. Minhas vontades estão aqui dentro e infelizmente, muitas vezes brigam com aquelas da rua e dos amigos.

Em Recife eu danço frevo e vou atrás do bloco, abraço desconhecidos e poso para fotos ao lado do mocinho com o estandarte. Dou "xau" pro padre na igreja e os recifenses chegam a perguntar se eu tenho certeza de ser carioca.

Acho que já fui mais certa disso, mesmo com os "s" chiados e as vogais abertas no maior carioca way of speak.

E hoje é dia de ir embora, infelizmente. Antes da festa de verdade começar.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

I love Alpargatas

Além de confortáveis, me lembram uma fase inicial de letras UFRJ, quando Tati me levou a uma loja na Gávea que trazia de volta os sapatinhos que eu tanto tinha gostado. Eu tinha várias, só usava elas, que, ao longo do tempo, molharam, estragaram, se foram.

A loja fechou ou parou de vender e eu não via mais o bendito pisante.

Precisou Recife me fazer entrar num shopping. E eu vi um nome, no mínimo, sugestivo: Cervera Alpargateria. Desci o olho até a vitrine, quando veio a conclusão de que minha falência estava à espreita. Várias lindas e coloridas e estampadas e listradas e temáticas e putasquiupariu.

Agora eu tenho alpargatas de novo.



Feliz da vida.

Ricifi...

Estou em Recife.

E quem me conhece sabe que eu sempre gosto disso e de todo o processo que isso envolve: saber que vou, ver data, combinar com a Nanda, fazer mala, viajar, falar mal da Gol, chorar na decolagem, ver aquele frevo brega no aeroporto. Eu ia voltar, mas acabei ficando: por 50 reais de taxa, ganhei mais 4 dias de fala arrastada, de banho de mar morno, de gente nova, de lugar quente.

E eu acho tão bom estar aqui que sou capaz de cumprimentar pessoas na rua só para ouvir o sotaque e registrar mais uma vez onde eu estou. Cuido de gato, não reclamo do calor. Vou a shopping e a mercado muvuquento. Reservo-me o direito de turistar, com requintes de cafonice e ceninhas patéticas que só um turista pode nos proporcionar. Digo que sou do Rio e encho a boca de "S" chiado para comprovar e fico com vontade de esquecer o localizador e abstrair a necessidade da volta.

Acho que gosto de fugir.
O meu humor muitas vezes ausente me empurra a isso, mas to aqui morrendo de saudade de lá, daí, de casa.

Saudade de todo mundo. Aí eu liguei pra todo mundo, mandei email, comprei blusinha micra pra Nina, abri o blog.

Louca pra ficar, sem ver a hora de chegar daqui.

Enquanto isso, vou curtindo o lugar no mundo que me deu de volta um par de alpargatas.

Devo, não nego

Devo foto atualizada, links atualizados, marcadores organizados. Textos manuscritos digitados. Blogs amigos visitados, layout atualizado, login coerente.

Quem sabe, antes dos 30...

Destrancado.

Aberto a todos, novamente. Perfil semi novo, mas prestes a mudar. Links a serem atualizados e amigos a serem visitados. Deu na telha, mais uma vez. Coisas de dias livres, de dias de viagem, de amigos, de afetos. De sotaques, de dores na lombar, de Bar do Lino, de presentes, de mudanças. De medo dormindo, de olhos arregalados. Aberta a tudo, mais calada do que de costume, mais perto do metrô, mais dentro de mim. Ganchos de redes sem redes: um em cada parede. Mais perto dos trinta, mais longe dos pais.

Mais nova e mais velha. Esperando os cabelos brancos, a disciplina, as agulhas de tricô, os saquinhos bem dobrados em forma de triângulo. Mais cansada e mais afim. Mais à vontade, achando tudo engraçado, um riso solto de culpa no ar.

Feliz por falar, por ter desabafado. Bolo vocabular desengasgado, direto ao oriente de mdf socado. Pra bom entendedor... basta.

Aberta, destrancando.