sábado, 31 de maio de 2008

Tudo meu!

São muitos os objetos que compramos ao longo da vida.

Eu, então, não seria capaz de listar as coisas que comprei desde o meu primeiro salário lá na escola, quando trabalhava de estagiária e recebia um salário mínimo como auxílio. O salário mínimo na época era 120 reais e ainda assim, eu me sentia feliz por ter o primeiro dinheiro para chamar de meu, mesmo ele sendo assim, tão micro.

Olhando para a peruca agora pendurada no meu monitor – ela agora não está servindo para muita coisa, pois está larga e meu cabelo de véia não pode ser coberto por ela. Ei, alguém quer comprar uma peruca??? – eu penso no quanto de dinheiro já não gastei por aí, de maneira fútil e inconseqüente.

Poderia citar o sombrero de palha que comprei em Parati – chovia horrores; eu desfilei pelas ruas de pedra com aquele troço enorme na cabeça, pagando mico e fazendo quem estava junto de mim pagar também –, a grande bola colorida do posto de gasolina, o conjunto de canetas coloridas que custaram uns 60 reais, o pepino de plástico (foto) que enfeita minha prateleira, a vaquinha molenga para apoiar o braço do mouse, uns devedês sem nexo, uma coleção de infláveis de sinal de trânsito* (uma perereca chamada Cássia, uma coruja, um Scooby-doo, um tomate, um martelo)...

O pepino

... whatever.

A verdade é que eu teria comprado um carro com tudo isso e se eu transformar minha casa num mercado de pulgas não saberia quem chamar, pois das pessoas que eu conheço, eu seria a única a comprar coisas do tipo.

A verdade, no entanto, é que eu adoro ter cada uma dessas coisas, algumas até extintas, como o sombreiro, que ocupava espaço demais e a bola, que minha mãe esvaziou e até hoje diz que ela não faz idéia de como a bola definhou de um dia para outro (os amigos que entravam na minha casa escreviam na bola e ela era toda rabiscada e colorida).

Cada treco tem uma história e é uma espécie de lembrança de um dia muito legal ou de um dia nada demais, mas com aquela descoberta de "Que fofo esse pepino de brinquedo!" ou um acesso de carência seguido de um consumismo alentador. Eu lembro da roupa que eu vestia quando comprei, quem estava comigo, como foi divertido chegar em casa com o produto...

Carol, por que esse post?

Sei lá, acho que tô ficando velha!



*Nunca comprei nenhum inflável. Meus amigos sabiam que eu gosto e sempre me davam; eu comecei a olhar minhas prateleiras e não conseguir não falar dos infláveis... mesmo que eles tenham sido presentes e esse post, sobre coisas compradas.
Mentira, comprei o tomate numa bebedeira de reveillon.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Força na peruca.

Eu tenho uma peruca. Comprei quando meu cabelo ficou uma merda antes de eu sair com um ex namorado. Eu estava com um cabelo horrendo quando ele ligou me chamando para uma viagem de reconciliação.

Antes da viagem, ele tinha dois ingressos para um show caríssimo e claro, uma reserva num... restaurante. Empolguei-me e achei que era a hora de fazer algo no meu cabelo para ficar bela.

Acontece que eu não fiquei bela e parecia que eu tinha passado ferro no meu cabelo que não levantava por nada. Fui a uma "hair stylist" francesa na hora do almoço para ela arrepiar meu cabelo e gastei uns 102 reais para o cabelo continuar péssimo. Nem as pomadas endurecedoras de mechas deram jeito.

Era a hora de comprar uma peruca. E a fizspan estava logo ali.

Optei por uma mais discreta, que parecesse com meu cabelo para não dar muito na pinta e ainda assim ela custava bem mais de mil reais, mas só uma coisa latejava nos meus pensamentos: viagem de reconciliação; show... restaurante.

Moça, posso parcelar a peruca?

Sim, em até dez vezes.

Dez vezes rules!

E a primeira só para o mês que vem.

Dez vezes com cheque pré: a salvação veio a crediário.

Lá estava eu chiquérrima na peruca Lois Lane esperando na portaria o rapaz chegar para me buscar.

Oi.

Oi, cê tá bonita.

Brigada.

Quanto tempo.

É... senti saudade.

Eu também... você... como sempre... pintou cabelo de novo, né.

É, fiz as mechinhas loiras aqui na frente. Cansei do ruivo.

Não dá pra ver, deve ser o insufilm.

Não dá pra ver?

Não. Tá pretão daqui.

PUTAQUIUPARIU, A PERUCA. Eu tinha feito mechas, a peruca era castanha bem escura. E foi aí que vários detalhes começaram a me preocupar bem seriamente: show, depois do show, o... restaurante, e depois acordar junto, como eu não pensei nisso e tem a viagem, como eu vou tomar banho, ok, nem é praia, mas é viagem, um fim de semana com um ex namorado, nossa, que calor, janeiro não é um mês bacana para usar peruca, ainda mais no Rio de Janeiro, show a céu aberto, ainda nem paguei a primeira prestação dessa merda. Mais de mil reais prum troço que não só abafa a minha cabeça como vai detonar a possível reconciliação com esse idiota que não para de falar enquanto dirige...ops. É comigo que ele está falando.

Oi?

Hã?

Não entendi.

A partir de onde você não entendeu?

Tá pretão daqui.

Hein?

Você disse que meu cabelo tá pretão. Depois eu não ouvi.

Porra... to falando há horas.

Desculpa, eu acho que tô nervosa.

Eu to dizendo que eu quero voltar pra sua vida.

Agora? Não dá pra deixar meu cabelo crescer?
(Eu disse isso?)

Não entendi.

(Pensa rápido, Carol. Se salva.)
Tô achando isso muito rápido, isso que eu quis dizer. Como você reaparece assim, do nada querendo que eu volte pra você, me chamando prum show caro, pruma viagem do nada. Você acha que as coisas funcionam assim? Me leva pra casa, please?

Esse cara não prestava mesmo...

Cheguei em casa pisando forte, jurando que ia jogar a peruca no lixo.

Mas ela tá guardada para o caso de precisar. Acho que precisarei amanhã, mas ela está frouxa em mim.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Claudinha

Claudinha é manicure mas não tirou curso de manicure não. Tirou foi curso de cabelo, mas a inscrição que ela tinha feito era pra sabe o que? Costureira. É. Acredita? A mãe é costureira, a vó era costureira, a tia é costureira. Só que a máquina não chegava, não chegava, e ela não ia perder o dinheiro né? Aí fez o curso de cabelo mesmo, mas olhava as meninas que faziam o curso de unha e foi aprendendo. Tá gostando mais de unha mesmo e nunca nem chegou a trabalhar com cabelo, acredita? Mas se amarra mesmo é em costurar e não faz o curso sábado porque não tem tempo. Sábado o salão não abre e ela atende a domecílio no Catete. É, quando tem folga, ainda atende a domecílio, acredita? Só que o prédio do salão no Centro tá em obra e ela não tem agüentado ficar lá o dia inteiro porque com aquela poeira, ela tá respriando direto, outro dia teve até que sair cedo, acredita? Claudinha é de João Pessoa e não vê as novelas da globo não porque são muito chatas. Ela gosta mesmo é da novela de vampiro da record e da que tem antes dela, que é ótima. Aí acaba dormindo tarde e a mãe dela grita: ô Claudete! Vai ficar aí até tarde? Ela, na verdade, se chama Claudete, mas só a maínha que chama ela assim mesmo, porque pros outros ela é Claudinha mesmo. A Rose, que trabalha no salão, é que chama de Craudia, às vezes. Rose é depiladora, mas dá escova também. Ela, Claudinha, também dá escova, mas não tem tempo, então só faz unha mesmo, mas pinta cabelo a domecílio. Ontem mesmo ela estava tentando ligar para uma cliente avisando que ia se atrasar e pediu que Rose procurasse na agenda dela o telefone. Rose esfolheou a agenda e por pouco não encontra o telefone para ela: a agenda da Claudinha é uma bagunça só, tem cliente marcada pra di meio dia, pra di quatruóra e pra di cincuóra. E a que estava marcada pra di seisóra tinha que chegar di seis e quinze pra dar tempo de fazer meu pé.

Um minuto de silêncio

Meu amor morreu.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Meu top ten "E daí?" - extraído da home da globo.com

1. Foto: Taça feita de latinhas de cerveja pára capital da Tailândia.

2. Cachorro 'Perivaldo' entrará em campo com o time nesta quarta.

3. 'Não preciso dar um carro para alguém me desejar', afirma Claudia Jimenez.

4. Gretchen aponta a nova candidata a rainha do bumbum. (é a sobrinha!!!)

5. Marcelo Arantes explica em comunicado confusão em que se envolveu em Copa.

6. OUÇA AGORA A NOVA MÚSICA DE MILEY 'HANNAH MONTANA' CYRUS

7. Aumentam os rumores de possível gravidez de Beyoncé.

8. EX-'FRIENDS' JENNIFER ANISTON USA BIQUÍNI INDISCRETO PARA TOMAR SOL COM NAMORADO

9. ‘Depois que o filme acabou eu chorei muito’, diz Leila Lopes.

10. Fernanda Paes Leme é flagrada aos beijos com Thiago Martins.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Da série 'é melhor ouvir isso que ser surdo'

"Eu falei pra ele: você é a maior relação que eu já tive na vida. Ele disse azar o seu. Pode, isso? O que você acha? É azar o meu? Pode falar... pelo riso, você também acha que é azar meu."

"Olha, essa apresentação foi muito bonita. Eu gosto muito de tango, inclusive entendo muito de tango, pois fui várias vezes à Espanha."

"Ela é ótima. Fala o que quer, quando quer. Daí, se não me interessa, eu viro pra lá e ela continua. Fala tudo sozinha, conclui sozinha e fica às gargalhadas sozinha."

"Olha o tamanho da barriga desse cara. O volante parece até um piercing no umbigo."

domingo, 4 de maio de 2008

Isso é impulso.

- Estava esperando por você
- Desde quando?

Ela não saberia responder. Buscou lá no fundo de suas lembranças a última vez que havia pensado nele e não encontrou nenhum resquício de informação. Sua impressão era de que desde que ganhou sua primeira Emília feita de retalhos, tinha aquele nome na cabeça.

- Hein?
- Hã?
- Você disse que estava me esperando.
- Sim, estava.
- E...?
- Não sei. Estou pensando.
- Não precisa pensar.
- Não?
- Não. Você estava me esperando, isso que importa. Vamos?

Ela sabia também que ele diria isso! Assustou-se com tal vidência que sabe lá de onde teria saído. Desde quando via o futuro? Sua vida estava ali, numa calçada de Botafogo, passando como uma seqüência de dejavus em sua cabeça e ela parecia uma idiota. Era ele que a chamava para ir. E ela não entendia muito bem o que estava acontecendo.

- Agora?
- De quanto tempo você precisa?
- Eu já esperei tanto...
- Nem você sabe desde quando. Vamos logo.

Um ônibus parou, era o ônibus que a levaria para o trabalho. Poderia entrar e deixar para depois essa resposta tão estranha e o tempo parou. Toda a rua estava parada: carros, pessoas, pássaros, cães, árvores, ventos, seu relógio também estava parado. Ele estava parado, com a mesma cara que estava quando terminou sua última frase. E só ela se mexia. Poderia dançar, se quisesse, entre os carros, fazer careta para o mundo, que naquele instante, teria virado um grande museu de cera.

Saiu andando e desviou de todas aquelas estátuas estranhas, algumas medonhas no meio da rua, outras discretas no boteco da esquina. Olhou para trás. Ele estava estático, o convite no ar, como um balão de texto de quadrinhos.

Deixou-o parado, sem resposta; ainda não estava preparada.

Voltou, pegou o balão que apontava para a cabeça do rapaz e colocou-o debaixo do braço.

Entrou na Conde de Irajá e tudo voltou ao normal, menos ela.