domingo, 12 de outubro de 2008

Di goiaba

Chovia e eu tinha saído de casa com a roupa que estava quando acordei. Como estava descalça, ia flutuando, com fortes impulsos, para não molhar o pé na calçada suja, enquanto você ia um pouco atrás de mim, tomando conta. No entanto, precisei atravessar a rua e não podia parar de flutuar e o impulso foi mais forte que os outros e eu deslizei, deitada, no chão molhado, até parar, segura, na calçada da praça e você chegou para me levantar.

Acordei e aquela sensação antiga voltou. Aquele liquidificador ligado dentro do meu estômago, a lágrima quase que instantânea, a dor do silêncio real, do mundo da vigília, que não perdoa, que não realiza desejos.

Sou uma exagerada na vida e estava aprendendo a comedir. Aprendendo a viver devagar, a usar os fones de ouvido, esperar uma coisa de cada vez e agora eu só quero uma coisa, todo o tempo, mais uma vez, como se de nada tivesse adiantado tanto exercício.

Ainda não abri a janela. Não quero descobrir que não está chovendo, porque alguma coisa, ah... alguma coisa há de ser verdade.

2 comentários:

Letícia disse...

Uma frestinha. Tenta abrir só uma frestinha.

Bia Prado disse...

Minha linda, tem muita coisa de verdade e boa te esperando.
bjs