segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Era só chamar.

E hoje o meu Madame Satã entrou no ônibus vendendo suas canetas. Emoldurava os produtos com suas unhas perfeitas e seus dedos todos preenchidos com anéis prateados - alguns com pedras, outros sem. Hoje eu estava sentada na frente, com as estratégicas lentes escuras, próprias para os dias quentes - ou difíceis - e pude receber o seu olhar de volta, reagindo comigo por conta do efeito hipnótico que sua figura costuma me causar.

Ele descreveu cada caneta - de quatro cores, de três cores, caneta-calendário, caneta de metal, marca-texto, marca-cd... - e eu, como sempre, pensava em qual iria comprar - nunca deixo meu Madame Satã descer do ônibus sem levar comigo uma caneta de sua caixa - e ele andou para o fim do ônibus e eu não consegui chamá-lo. Ele continuou com seu texto de vendedor ambulante, eu olhei para trás e ele estava posicionado para descer no próximo ponto. Vou chamá-lo, vou chamá-lo, vou chamá-lo, vou chamá-lo! (essa era eu, tomando mais uma decisão que não iria adiante)

Não chamei, ele desceu do ônibus, agradecendo ao motorista.

Deixei meu Madame Satã ir embora, quando o que eu precisava fazer era bem simples.

Mas nem tudo que é simples é fácil de fazer; eu tenho aprendido isso, das piores maneiras possíveis.

2 comentários:

Simone Couto disse...

Carol, quem sabe a caneta que fosse escolher não estivese sem tinta?

Menina, não é caneta que muda a vida, é o que há dentro dela.

Derepente o instrumento que procura para escrever sua história habite em outros meios. Abra os olhos(e o coração) e se surpreenda.

Bj,
S.

Unknown disse...

Tinha caneta que dá choqueeee ??!?!!