segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Pra não dizer que não falei em flores.

É como se duas mãos do Hulk estivessem, uma de cada lado do coração, pressionando-o tal qual a uma espinha enorme, um caroço que pudesse ser espremido com as costas da mão.

Aí eu fico com ele comprimido, pequeno, doído, sem ar e viro criança, e sumo, surto, na ânsia de voltar ao antes. Mas o antes já se explica por si só: ele não volta nem se você se retorcer.

(Ainda que fosse possível a gente se virar do avesso, ainda assim, o antes não voltaria por isso.)

Enquanto isso, tudo continua derramado pelo chão e de tempos em tempos, a mão fica cheia e catar tudo fica impossível, porque o resto vai saindo por entre os dedos. E o coração lá, apertadinho, como um furúnculo inflamado, do qual se tenta arrancar o carnegão.

(E dói igual, que até eu que nunca tive um furúnculo, sei que dói igual, porque lembro dos olhos da minha vizinha enquanto a minha vó, junto com a dela, expremiam sua coxa para expelir aquilo que parecia ser uma espinha de ponta preta. Ela tentava me explicar a dor e eu falava que entendia mesmo sem ela falar, porque aquele olho só podia ser de alguém com muita dor.)

É uma pergunta sem fim, sem resposta, cheia de erros e senões que sai do corpo que nem coca-cola que sai pelo nariz quando a gente tenta segurar o engasgo na boca.

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