Eu vi o meu passado passar por mim
Cartas e fotografias, gente que foi embora
A casa fica bem melhor assim
Um ótimo 2009 para todos.
Que seja cada vez melhor!
Inté...
Escrever? Somente com o objetivo acima
O arcano IX, chamado “O Eremita”, emerge como arcano conselheiro para este momento de sua vida, Carolina, sugerindo um momento em que você precisará agir com o máximo de maturidade e paciência possíveis. Você precisará aprender a respeitar o “tempo certo” neste momento de sua existência e perceberá que será preciso bater mais do que uma vez na mesma porta até que ela se abra. Nem sempre o rio corre mais rápido apenas porque queremos, Carolina! Três virtudes serão fundamentais neste momento de sua vida: a paciência (para lidar com as diferenças), a prudência (a fim de jamais confiar inteiramente em ninguém) e a persistência (para compreender que, no que diz respeito ao amor, muitas vezes é preciso bater várias vezes numa mesma porta). O momento pede circunspeção, meditação e capacidade de espera. Você poderá mudar muitas coisas que lhe incomodam, se você souber observar o tempo certo, mas precisará também ter humildade para entender que nem tudo é possível. Ao aceitar os limites, evoluímos como pessoas.
Tô lendo Madame Bovary.
Comecei imaginando que leria sobre uma mulher que não recebia, do marido, a atenção necessária, o carinho que merecia, e, por querer mais do amor, foi à luta, mesmo com todos os preconceitos que na tal época eram ainda maiores em relação a mulheres livres, principalmente se elas fossem casadas.
E não é que ou eu estou me descobrindo a pessoa mais careta do mundo ou uma muito equivocada? Primeiro, impliquei com a Emma (a própria M. Bovary) por conta da sua impaciência sem sentido com o marido Charles, que jurava estar amando aquela mulher da melhor maneira possível. Depois a implicância passou, mas nunca deixei de olhar pro marido que, na sua ignorância, inapetência – ou seja lá que nome tenha essa falta de eficácia que o amor dele apresente – acabou por deixar a moça tão infeliz.
O homem precisou passar por umas poucas e boas para virar um médico, que por mais mediano que fosse, carregava um status importante pra ele e pra família dele. Casou com a filha de um rico paciente, depois de ficar viúvo de uma esposa velha, feia, doente, chata, rude e nada carinhosa. Justifica? Não, não justifica, mas contextualiza uma falta de qualquer que tenha sido a coisa que faltava dele para a Emma.
E ele sofre com a insatisfação dela, ainda que ele não tenha chegado (ainda, pelo menos, até a parte que eu cheguei) a perceber que todos aqueles sintomas que ele achava ser doença ou resultado das leituras da moça se resumiria numa infelicidade dela, relativa ao que teria se tornado a sua vida de casada, completamente diferente do que lia nos romances, via nas pinturas e sonhava na adolescência.
Ela se apaixona por outro (s), sofre com o que não aconteceu com ele (s), surta, entra numa, fica chata, muda, e o que mais ela conseguia fazer para reagir àquele tédio que tinha se tornado a sua vida.
Amar é difícil, comunicar também, e eu que vivo, amo e me comunico no século XXI, não vejo maior facilidade não, gente.
Na verdade, achei que fosse ler um livro sobre uma mulher super maltratada pelo marido, que sofresse por conta de descasos e tals. E me deparei com um cara tão carente quanto, sabe?
Eu tenho pensado muito nisso e tem batido essa coisa de “você não sabe amar” e fica parecendo que tem sempre uma culpa, quando na verdade, muitas vezes, o outro pode nem saber o que o primeiro outro ta sentindo e tomar um comportamento ou reação como uma coisa completamente diferente do que é.
E me dá a impressão de que se essas coisas fossem levadas em conta – no sentido de levantarmos a hipótese de que também podemos não estar dando para o outro o que achamos que estamos –, talvez os amores e as comunicações fossem um pouco melhor sucedidas, mas quando penso que isso pode ser uma mega utopia, confesso que dá medo. E desânimo.
Não julgo a moça Bovary nem o moço de mesmo sobrenome; só morro de pena quando vejo que um fica diagnosticando as atitudes do outro enquanto cada um ta sofrendo tão sozinho.

Tem um mundo na cabeça, um mundo lindo com sorriso e muita música, mecânicas quânticas e escalas de Planck. Engole e ri com o olho. E abraça forte. A mão vem com tudo e pega com vontade, carinho. E roça no pescoço, nas costas, na perna. E beija de verdade. Não gosta de moedas e acho que por isso, vai largando todas pelo caminho e eu nem me importo de ir catando atrás. Gosta de tapioca, tacacá, salsa e forró e disse uma vez que merengue é uma das melhores coisas de se dançar. Lê livro no celular, mesmo com letras pequenas. Tem furinhos nas camisas e são camisas e furinhos tão lindos que nem dá pra implicar. É bom reparar e falar: tá furado, mas amassado, ah... amassado nunca. Ama cinema, de dentro e de fora. Edita, vê, lê, grava, indica, mostra. Anima meu mundo e os outros mundos também. Ama. Como ninguém, como nunca. Come. Gosta quando meu nariz rebola. Faz questão, afirma, discorda, repensa, tem lentes novas de olharmundo, lentes leves e bonitas e fotografa - com essas e com outras.