terça-feira, 25 de agosto de 2009

Realizando desejos

Estava sozinha, ainda que com uns 5 ou 6 amigos. Era show e ela dançava aleatória, sem se preocupar muito com o que tinha em volta. Deve ter ficado alguns minutos rodando em volta de um ponto qualquer, pois quando levantou a cabeça para prender os cabelos num rabo de cavalo, se deparou com um homem parado, em frente a ela, observando-a dançar.

- Não acredito...
- Nem eu. Cheguei no Rio hoje, meio de supetão. Não deu para avisar nada...
- Não sei o que dizer.
- Nem eu. Vamos dar um abraço, para começar?

Ela agora estava no meio de um descampado silencioso. Não havia mais nada nem ninguém, seus sentidos todos estavam focados naquele homem que era real a partir do all star, passando pelas calças jeans largas seguidas das blusas sobrepostas, chegando até o cavanhaque, que, na direção do seu olhar, iniciava o rosto que há anos gostaria de tocar.

Pensou em como esse encontro era, até então, improvável. O quanto o abraço que estava acontecendo a cada milésimo de segundo era digno de pedido de gênio da lâmpada. O quanto era muito mais fácil ela não estar ali, naquele lugar, naquele show. Não gostava da banda e cedeu apenas por querer muito sair para dançar naquela noite.

Tratava-se de um encontro inesperado, por qualquer ângulo que alguém poderia analisá-lo.
Abraçava-o sem ter coragem de largar por não fazer ideia do que deveria vir depois do abraço. Um beijo apaixonado? Uma gargalhada feliz, uma piada sobre o que aquilo ali significava? Sentia as costas, o peito, a barriga. Um restinho (ou um início?) de barba, encostando sua testa.
Desvencilharam os braços, mas os olhos, úmidos, admiravam-se.

- Como você veio parar aqui? Que bom isso, deve ser mentira...
- Eu vim porque cheguei e não te vi online. Chico e Carla vinham para cá e eu acabei topando. Parece mesmo mentira. Eu lembro de você ter falado que achava esses caras meio pela-sacos.
- Eu acho. Acabei vindo porque vários amigos ligaram chamando e eu achei que poderia ser uma boa opção para distrair.

Era nítido que eles não sabiam o que fazer e prolongaram o quanto podiam aquela série de motivos que os levaram a estar naquele show, naquele dia, na mesma fileira.

Até que não puderam mais e agora estavam ali, de carne, osso e nervosismo. E se olharam em silêncio.

Um comentário:

Lady Shady disse...

Ai, que tudo!!!!!
Adorei!
bjs, bjs

...e aí? ....