sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Os dois sentidos

Dessa vez, o tato passou longe. Apenas olhares separados por um cristal líquido, justamente o mesmo que propiciou o encontro.

Ouvidos e boca já haviam ligado os dois - sem sussurros, beijos ou lambidas - e um conhecia o êxtase do outro já há alguns anos, sem cheiro, sem mãos.

Um sentimento indefinível, perfeito pela distância, temperado pela impossibilidade da concretização do que deveria ser, do que queriam que fosse. Uma angústia de não saber do gosto, um prazer por gostar tanto daquele corpo que carregava um sorriso, um olhar, um tesão.

Sentimentos confusos, patéticos, até. Se lhe contassem essa história como experiência alheia, teria rido, sem dúvidas. Mas vivia emoções adolescentes, sofrimentos inexplicáveis, urgências apaixonadas. Precisavam ter-se, urgiam por um encontro. O corpo gritava, explodia, suava. Bastava que o milagre os pusesse lado a lado, pois o resto estava no ar, dentro de cada um.

3 comentários:

Bia Prado disse...

Milagre não. É só querer. E não se boicotar, né?
Bjs

Letícia disse...

Hummmmmmmmmmm...

Lady Shady disse...

Afê!
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