quarta-feira, 17 de junho de 2009

Matinais

Abriu os olhos e ele ainda dormia. Pensou no quanto queria estar ali dentro, dos olhos que ainda estavam fechados. Pensou no quanto o amava, tentando lembrar quando percebeu isso. Enquanto a língua passava pelos dentes que já não estavam mais separados, lembrou. Lembrou do dia em que pensou 'eu amo você', quase se rendendo ao impulso de deixar que isso virasse uma frase falada. (Tinha pensado de novo na noite passada, enquanto estavam os dois nus, se beijando e se apertando com força.) Pensou no quanto estava feliz ali, naquele agora que estava com os minutos contados. Levantou-se e foi para o banho, participar um pouco mais da casa do homem que amava. Ladrilhos, portas, janelas e todas as possíveis perspectivas do seu amor. Desejava pisar em cada pedaço, reparar cada manchinha da parede. Ali, ele vivia e ali ela estava, convidada pelo dono da casa, do abraço completo, o dono de tudo que ela poderia vir a dar para alguém. Era assim que se sentia: doável. Pensou se alguém recusaria um presente assim.

Desligou o chuveiro, se arrumou e voltou para o lado do amor, de onde nunca gostaria de ter saído.


[O que é o amor _ Maria Rita]

3 comentários:

Bia Prado disse...

Lindo, garota linda!
bjs

Lady Shady disse...

Lindo texto!!!!!

Mil bjs!

Anônimo disse...

Moça.se só fosse lindo...
a escrita, chorando e indo.
caminhos escuros vindo,
coragem de se ir sentindo...
a marca da dor, se apaga fingindo,
um pouquinho,de cuidado.Tingindo,
Uma Noêmia,uma Rosa(e)colorindo,
O tempo de se ir,ficar,implodindo,
avida,amorte,Platão,coração,oração,
tudo mão no teto e pé no chão!

Akhnaton