sexta-feira, 19 de junho de 2009

Autajuda

Eu não gosto de literaturas de autajuda. Um amigo meu me carregou para uma palestra dessas uma vez. Fiquei curiosa a respeito do que alguém poderia falar sobre a vida, que justificasse um ingresso não muito barato. As cadeiras estavam todas ocupadas: todos ávidos por respostas, instruções, enquanto o palestrante dizia que não havia receita de bolo para a felicidade, mas que nada era impossível depois que a pessoa identifica o seu foco na vida.

Aí ele contou que maravilha de vida ele conseguiu, enumerou cada tragédia que conseguiu superar, emocionou-se ao lembrar do primeiro momento em que ele conseguiu ajudar a mãe. Enquanto isso, rolavam projeções de um PowerPoint na parede: imagens coloridas, esquemas, frases fortes, com verbos no imperativo, trechos de fala de Gandhi, Charles Chaplin, Veríssimo. E a plateia anotava tudo (???) freneticamente.

Saí de lá um tanto quanto irritada com a pirotecnia pseudoútil do coroa bem apessoado. Orabolas, 70 reais para ouvir que com um foco, tudo é possível? E o meu amigo, embevecido, falando que realmente, que justamente foi o foco que faltou naquele momento em que ele decidiu abrir o próprio negócio, quando fez nãoseioque, quando isso, quando aquilo. Eu queria sacudí-lo pelo pescoço, gritar peloamordedeusjuraquevocêouviuaquilotudoelevouasério?, mas preferi observar - como acontece na maioria das vezes - e pensar.

Ontem eu ganhei um livro de autoajuda. Ao questionar a razão do presente, o presenteador começou a defesa dizendo que, em primeiro lugar, ele não considerava aquele um livro de autoajuda. Fico aqui, com meus botões, a pensar: seria essa uma questão subjetiva, em se tratando de um livro cuja capa é a representada abaixo?


Chegando em casa, contei a história aos meus roomates e todos concordamos com o fato de que não. Não é subjetivo. Livros com lista de benefícios na contracapa e verbo imperativo no título, do mesmo autor de Como fazer amigos e influenciar pessoas não dá para não ser considerado autajuda.

Acho que existem algumas autajudas disfarçadas - Marcelo, ainda estou pensando se o Amor Líquido é autajuda ou não... ainda não estou certa, mas acho que ele é somente uma leitura bacana, mas que não oferece soluções para problemas ou promete melhorar nada na vida do leitor... mas vamos ver; voltarei a isso em algum momento -, mas o livrinho do Dale Carnegie, antes mesmo de abrí-lo - ele continua lacrado, enquanto eu penso se sucumbo à curiosidade ou decido o que fazer com a obra -, ele já mostra a que veio.

E teje dito.

=]


(Sim, eu agradeci o presente e entendi as boas intenções do presenteador. Não sou má nem malagradicida.)

8 comentários:

Lady Shady disse...

Essa história é excelente, Carolina!!!
Vc realmente tinha de sentar com alguém de cinema ou tv e escrever um seriado, usando essas coisas todas que acontece com vc.
O capítulo sobre este assunto aí do livro ficaria excelente!
hahaha
bjs

Anônimo disse...

E aí? A vida tá mudada agora? :P

Carolzinha disse...

Ah, Kerol, lê o livro...
Mate nossa curiosidade...

Manoel Giffoni disse...

Ahahahahah! Como disse em casa, é auto ajuda, sim, Carol... E eu, no máximo, iria na Travessa no sábado para dar uma espiada nele lá. Troque por algo que valha (ou dê de aniversário pra um desafeto #prontofalei) hee hee

Letícia disse...

Carol, ou bem é literatura ou é autoajuda.

;)

Cinira Ira disse...

Olha, eu sinceramente fiquei com vontade de ler tal obra.
Acho que vc deveria parar de preconceito e ler tb.
Depois me empresta.
Felícia, Renata Born e Layla, presumo, se interessariam tb (Já Djanira e Lady Shady deveriam ler é a Bíblia)

Renatinha B. disse...

Eu quero ler, Carol! Mimpresta?!

Unknown disse...

Caraca! Morri de rir. Lembro que minha filha, questionada sobre a literatura que os pais gostavam, respondeu: "Meu pai, é eclético, lê sobre tudo um pouco. Minha mãe? Só lê auto ajuda!"
Sabe que fiquei p da vida? Mas depois, dei razão a ela. Lê auto ajuda quem acha que alguém descobriu como ser feliz nesta vida... tsc