quarta-feira, 4 de março de 2009

Post infinito

Tem um tempo que a gente não conta, não percebe - ou percebe errado, se for possível perceber errado algo que seja para ser percebido -, não mede, e até mesmo - quem sabe!?!? - desconhece.

Falamos de tempo o tempo todo, pedimos tempo, reclamamos que o tempo é curto ao mesmo tempo que não entendemos porque ele não passa logo, quando "logo" é tempo.
Somos capazes até de perder o tempo ou perder tempo.

Não dá tempo de fazer nada: ler aquele livro, ouvir aquele cd, ir até aquele lugar bacana que não sei quem mencionou.

O tempo tá ruim, o tempo tá bom, tempo é dinheiro.

E tem o tempo do pensamento.
Aqueles insights que não sabemos como tivemos tantas idéias em apenas um segundo, o tempo do sonho, que, apesar de termos dormido 8 horas seguidas, dizemos: sonhei que bati com o carro e o carro virava uma azeitona. (Oito horas só pra isso?)

Tem aquele tempo do termômetro do "A Montanha Mágica", quando os sete minutos do termômetro nas axilas parecem mais rápidos do que os sete minutos do dia anterior, do mesmo termômetro, na mesma axila.

O tempo do Johnny Carter, do "O Perseguidor", de quando se está no metrô e a quantidade de coisas pensadas no deslocamento de duas estações - deslocamento esse que dura 3 minutos - demorariam não menos de uma hora para serem verbalizados.

Cada coisa no seu tempo talvez seja uma das frases mais irritantes em certos momentos - só perde para o 'vai passar, você vai ver...' e para o 'não fica assim não'. Porque acontece que esse tempo é grande. O tempo da cabeça não é o do relógio e o do relógio não é o que a gente vive que, por sua vez, não é o tempo que a gente precisaria, porque, no fim das contas, o tempo nunca é suficiente.

Às vezes eu acho que o tempo não existe, mas é indiscutível que ele passa.
Isso é fato: o tempo passa voando, passa raspando, passa e destrói, passa e melhora, passa e defuma, passa e apodrece, passa e deixa nascer, e passa, apenas.

Passa que a gente nem vê, nem sente, e aí o tempo vira passado.

O tempo futuro é o que a gente não sabe o que vem trazendo, mas tá lá - tá lá um coquinho! Ele ainda não é, a não ser que seja em um outro 'mundo' e a gente caminha até ele - e vem, nem que seja para passar, apenas.

Tem o tempo presente que, nunca é, pois o é já deixará de ter sido um segundo depois e tudo dependendo do referencial: a primeira linha deste post é - se pensarmos no post dentro do blog - e foi - se pensarmos apenas no post e que eu já estou pra lá da vigésima linha, no bloco de notas.

Meu tempo tá acabando ou começando? Ou está no meio? Tem meio no tempo? Meio-tempo? É perda de tempo?

(...)

::Para ler::
O Perseguidor, conto de Julio Cortazar

2 comentários:

Letícia disse...

Tempo, tempo, tempo...

Lady Shady disse...

Escrever um texto bom desses foi uma ótima maneira de aproveitar seu tempo!
bjs