terça-feira, 3 de julho de 2012

A saudadibilidade da perda

A saudade completa os traços pelas mãos da memória de um subjuntivo que cessou. Lembrar de uns dias do ônibus, dos choros, da música boa que entrou nos meus ouvidos, prêmio do nosso convívio, de um amor de irmão, do medo que ficou dele ter ido sem saber do tamanho dessa importância. Prossigo contando as novidades, agradecendo pelo abraço que eu sei que eu ganharia naquelas horas em que nada melhora a vida como um abraço de amigo. O hábito de falar com um tipo de céu, antes de dormir, todos os dias, que criei na tentativa de uma louca função fática da comunicação que pode soar mística ou religiosa. O costume de um amigo não se perde, não se morre, não se chora. Amizades se agradecem, se cultivam, se acariciam. A saudade hoje é diferente, uma dor que já trocou de roupa, virou melancolia, virou sorrisinho no canto de boca, um sorriso quase triste traduzido por uma frase na parede da escola que me lembra o espírito de uma mãe tão inspiradora: não fique triste porque acabou; agradeça por ter acontecido. A gente hoje já não sopra velas ou toma chopp, nem fuma um cigarro, ou ouve um the smiths juntos. Mas ele caminha do meu lado ainda, em um pouco do que eu sou, em muito do carinho que eu consigo dar por aí. Naquela hora que eu fico egoísta e pergunto por que determinou-se que ele não estaria mais a duas quadras de mim. A gente hoje felicita a vida, por há um tempinho atrás, você ter nascido e feito parte das nossas vidas de uma forma tão abençoada. Um beijo, com muito amor, meu amigo Bruno. Música que apresentada pelo Bruno a mim, numa conversa sobre saudades e perdas. :)

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