terça-feira, 5 de julho de 2011

Pé colado.

Não dava pra perder a chance de voltar pisando devagar no caminho que nunca foi tão longo do metrô até a minha casa. Tentei parar de reclamar e olhar pro céu recém chovido. Eu estava na rua e com o pé no chão. Os pés no chão, um depois do outro. A muleta que, quem diria, mereceu festejo. Lembrei o quanto eu queria a rua nos dias de clausura. Parei um pouco. Respirei. Talvez não tenha sido assim tão romântico, mas eu lembro do quão colorido o catavento da loja de flores ficou, no contraste com o céu opaco de dia frio carioca. Um pé, depois o outro. A vontade de dar boa tarde a todos que passavam, o desejo de mais um quarteirão, um festejo paciente pela evolução da pisada e as crianças que iam - ou voltavam? - da escola com guarda-chuvas e, inspirados pelo meu terceiro apoio, começavam a marchar com suas novas bengalas. O mais velho - ou apenas o mais esperto - ia na frente, guiando a trupe com palavras de ordem: pra frente pra trás pra frente pra trás!

Um pé, depois o outro, sempre, até chegar em casa e pisar descalça no chão gelado.

3 comentários:

Deveraneios disse...

Bom de ler, como sempre.

Bia Prado disse...

Pisa firme, Carolina. Pisa. Não posso dizer que nem eu, mas pisa.
Beijo

Maz disse...

Os ossos colados e a rua a sua espera! Que lindo. Que beleza. Em setembro estou por aí. Continue firme que logo nos veremos e trocaremos figurinhas sobre céus cinzas e chuvas, ou coisas quaisquer (: